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Itamaraty chama tarifas de Trump de 'injustificáveis', mas adia reação

Do UOL, em Brasília

12/03/2025 14h59

O Itamaraty chamou a taxação dos Estados Unidos à importação de aço e alumínio de "injustificável e equivocada", mas não propôs retaliação.

O que aconteceu

A taxa de 25% sobre importação de aço e alumínio foi aplicada nos Estados Unidos a todos os países hoje. Segundo o presidente norte-americano, Donald Trump, o objetivo é proteger a indústria norte-americana, prejudicada "pelas práticas comerciais desleais e a superprodução global".

O governo brasileiro lamentou a decisão por meio de nota. "Tais medidas terão impacto significativo sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio para os EUA, que, em 2024, foram da ordem de US$ 3,2 bilhões", diz o Itamaraty.

Apesar de falas anteriores do presidente Lula (PT), o governo não falou em reciprocidade. "À luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras, o governo do Brasil buscará, em coordenação com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos", diz o texto.

Uma reunião sobre o tema deverá ocorrer na sexta-feira, disse o ministro Rui Costa, da Casa Civil. "[O governo] avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior", diz a nota. Entre elas, citou "defender os legítimos interesses nacionais" na OMC (Organização Mundial do Comércio), que está no momento paralisada exatamente porque os Estados Unidos não indicaram juízes.

O Itamaraty tem tentado evitar guerra comercial com os Estados Unidos, entendendo que não leva vantagem na disputa, mas o presidente insiste que o país não pode acatar "decisões impostas unilateralmente". Na última quinta, Alckmin conversou com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.

O governo brasileiro considera injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, principalmente pelo histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países.
Itamaraty, por meio de nota

Efeitos da taxação

A medida foi anunciada por Trump em 9 de fevereiro e assinada no dia seguinte. Dependência dos EUA pelo aço acontece porque as reservas internas do país estão praticamente vazias. Além do aço e alumínio, começam a valer hoje taxas de 25% de importação para outros produtos, como cobre e madeira serrada.

O Brasil sentirá o efeito da taxação de forma expressiva. O país exporta principalmente produtos semiacabados —placas de aço e tarugos. Ao todo, aproximadamente US$ 6 bilhões (cerca de R$ 35 bilhões) em vendas podem ser impactados com a medida. Coreia do Sul, México e Canadá também saem perdendo.

Em 2024, as exportações de aço do Brasil totalizaram 4,3 milhões de toneladas, representando 1,58% do total enviado para fora do país. O impacto é especialmente preocupante porque 48% das exportações brasileiras do setor de ferro e aço são destinadas aos EUA, um mercado que depende do fornecimento brasileiro para abastecer as próprias siderúrgicas.

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