A R$ 6,082, dólar tem mais um recorde; China faz Bolsa fechar em alta
O dólar não sustentou a queda que teve na primeira metade do dia e fechou novamente em alta nesta segunda-feira (09). É a terceira vez no mês que a divisa bate a máxima nominal (sem contar a inflação) de fechamento, chegando a R$ 6,082.
Mas a Bolsa de Valores fechou em alta, embalada pelos reflexos positivos da primeira mudança na política fiscal feita pela China desde 2011, anunciada nesta segunda.
No câmbio, o que fez a moeda americana voltar a subir foi a possibilidade da tramitação do pacote de gastos no Congresso se estender para 2025.
O que aconteceu
O dólar teve alta de 0,18%, vendido a R$ 6,082, após ter ficado mais da metade do dia em baixa. O turismo teve desvalorização de 0,04%, para R$ 6,317.
A Bolsa de Valores de São Paulo teve alta de 1%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, subiu para 127.210 pontos.
A possibilidade de que a votação das medidas de cortes de gastos fique para para 2025 fez o real se desvalorizar. Isso aconteceu logo após ser anunciada a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), de rejeitar o pedido da AGU (Advocacia Geral da União) para rever sua decisão. Dino impôs condições de transparência para o pagamento de emendas parlamentares.
Em represália, os congressistas devem travar o avanço do pacote fiscal na Câmara dos Deputados. A possibilidade de que a votação fique para para 2025 estressa o câmbio, que passou a oscilar e depois a subir. Pelo calendário legislativo, o governo tem apenas mais duas semanas de trabalhos dos parlamentares para aprovar o pacote fiscal, que prevê uma contenção de despesas públicas de cerca de 70 bilhões de reais até 2026.
Até então, os investidores estavam animados, no aguardo da decisão sobre a Selic na quarta-feira (11). Conforme o boletim Focus, pesquisa feita pelo Banco Central com mais de 100 analistas e economistas, o mercado prevê para o fechamento de 2024, juro de 12% ao ano. Isso pressupõe uma nova elevação nesta semana. A previsão anterior era de 11,75%. Atualmente, a taxa Selic está em 11,25% ao ano, após dois aumentos.
Foi por causa do diferencial de juros internacional que o dólar deu trégua pela manhã. Juros altos são ruins para as empresas, os investimentos e para a Bolsa. Mas o mercado acredita que se a taxa aqui for mais alta, o dinheiro de investidores no mundo todo voltará a ser aplicado no Brasil. Muitos emprestam em países em que o juro é baixo e aplicam onde a taxa é mais alta. Esse fluxo aumentaria a quantidade de dólares no mercado nacional e ajudaria o câmbio a arrefecer.
China e Bolsa
Na Bolsa, o mercado repercutiu positivamente o fato de o governo chinês ter sinalizado a intenção de impulsionar o consumo "vigorosamente", melhorar a eficiência dos investimentos e expandir a demanda doméstica "em todas as direções". Segundo o comunicado sobre uma reunião do Politburo, principal órgão político da China, nesta segunda, Pequim se comprometeu a pôr em prática uma política fiscal "mais proativa" e uma postura monetária "moderadamente frouxa" em 2025. O comitê também pretende adotar medidas para estabilizar o setor imobiliário e o mercado acionário.
Isso é bom para o Brasil porque a China é o principal destino das exportações nacionais. Dentre elas estão minério de ferro, cimento e alimentos. Esse fator também chegou a ajudar o dólar a cair na primeira parte do dia.
Refletindo o otimismo na China, as ações da Vale (VALE3) tiveram alta expressiva. O ativo fechou com valorização de 5,58%, a R$ 59,98, conforme dados preliminares. O petróleo teve alta de 1,43% diante de uma expectativa de maior demanda pelo país oriental, puxando para cima as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4), que tiveram, respectivamente, alta de 2,42% e 2,59% para R$ 43,13 e R$ 40,04, conforme dados preliminares.
Com Reuters