Vila Isabel encerra Carnaval carioca com enredo caipira e gritos de "É campeã"

Do UOL, em São Paulo

Última escola a desfilar no Rio de Janeiro nesta terça-feira (12), a Vila Isabel entrou otimista na avenida, após gritar por diversas vezes que já era campeã, ainda na concentração. O enredo sobre a história do agricultor --escrito por Rosa Magalhães, Alex Varela e Martinho da Vila, que comemora 75 anos desfilando-- foi ovacionado, com direito a gritos de "é campeã" também no Sambódromo.

SAMBA DA VILA ISABEL

Festa no arraiá
É pra lá de bom
Ao som do fole, eu e você
A vila vem plantar
Felicidade no amanhecer
Festa no arraiá
É pra lá de bom
Ao som do fole, eu e você
A vila vem colher
Felicidade no amanhecer

O galo cantou
Com os passarinhos no esplendor da manhã
Agradeço a deus por ver o dia raiar
O sino da igrejinha vem anunciar
Preparo o café
Pego a viola, parceira de fé
Caminho da roça e semear o grão
Saciar a fome com a plantação
É a lida...
Arar e cultivar o solo
Ver brotar o velho sonho
Alimentar o mundo, bem viver
A emoção vai florescer

Ô muié, o cumpadi chegou
Puxa o banco, vem prosear
Bota água no feijão, já tem lenha no fogão
Faz um bolo de fubá

Pinga o suor na enxada
A terra é abençoada
Preciso investir, conhecer
Progredir, partilhar, proteger...
Cai a tarde, acendo a luz do lampião
A lua se ajeita, enfeita a procissão
De noite, vai ter cantoria
E está chegando o povo do samba
É a vila, chão da poesia, celeiro de bamba
Vila, chão da poesia, celeiro de bamba

Festa no arraiá
É pra lá de bom
Ao som do fole, eu e você
A vila vem plantar
Felicidade no amanhecer
Festa no arraiá
É pra lá de bom
Ao som do fole, eu e você
A vila vem colher
Felicidade no amanhecer

Por causa do calor no Rio, Adriana Paes, integrante da ala Gafanhotos, passou mal e precisou ser resgatada. Ao todo, 620 atendimentos médicos foram realizados até as 4h da manhã por causa do calor. Mas o desfile aconteceu sem maiores problemas e foi encerrado dentro do tempo correto, sem correria.

O desfile lembrou todo o universo em torno das plantações e mostrou características da vida do agricultor, passando pelas pragas e chegando finalmente a colheita e o agradecimento com a fé e religião.

Com a criatividade que lhe rendeu um prêmio Emmy, a carnavalesca Rosa Magalhães apresentou um grande caixote de madeira na comissão de frente, que fez referência à forma como os agricultores transportam os materiais. O caixote se transformou ainda em uma igrejinha com um padre coordenando uma quadrilha, tradicional dança caipira, e depois uma tampa no chão se abriu e mulheres surgiram do barro, como referência ao ato de semear.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira representavam o espantalho e a plantação de milho. Despertador do campo, dezenas de galos vermelhos tomaram a avenida na ala "O galo chegou no esplendor da manhã".

Com muitos tons de verde claro para mostrar o frescor das colheitas e da grama, um dos carros da escola estava repleto de passistas vestidos como girassóis. A planta foi escolhida para representar as colheitas por ter sido cultivada pelos incas e por seguir o nascer e o pôr do sol. Um tatu de 15 metros, cercado por raízes de árvores, simbolizou as pragas e a fauna da terra em alegoria que foi seguida por uma ala das baianas vestida de joaninhas.

A bateria da escola, comandada por Mestre Paulinho, fez o público cantar e dançar, encerrando o desfile com um enorme arraial, que reuniu convidados de camarote e passistas atrás da escola na avenida, em um grande bloco de Carnaval.

Todo desfile é como se fosse a primeira vez, diz Sabrina Sato

"Todo desfile é como se fosse a primeira vez. Estou segurando para não chorar porque não quero borrar a maquiagem. É um desfile mais emocionante ainda porque o Martinho esta completando 75 anos", disse ao UOL Sabrina Sato, integrante do "Pânico" e rainha de bateria pela terceira vez , vestida com plumas azuis.

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