Apesar de estourar o tempo, Mangueira conquista Sapucaí com troca de bateria

Do UOL, em São Paulo*

Com um atraso para terminar o desfile, a escola de samba Mangueira conquistou a Sapucaí com um samba sobre a história de Cuiabá e uma apresentação marcada pelas cores verde e rosa e, especialmente, pela troca bem sucedida entre dois grupos de baterias, que se revezaram durante a apresentação.

Segunda escola a entrar na Marquês de Sapucaí nesta segunda-feira (11), a Mangueira começou às 22h45 e terminou às 00h13, com seis minutos de demora. O atraso irá render uma perda de 1 décimo para cada minuto além do tempo regulamentar de 1h22.

Ivo Meirelles lamenta problemas em desfile

  • Raphael Mesquita / Foto Rio News

Uma das atrações do desfile de uma das escolas mais antigas do RJ foi a divisão da bateria, com cada metade sendo composta por 250 ritmistas. Os dois grupos não tocaram simultaneamente e houve um revezamento durante a apresentação, realizado em diversos momentos do desfile, que arrancou gritos e aplausos das arquibancadas.

A ideia foi do próprio presidente da agremiação, o músico Ivo Meirelles, que se comoveu após o término do desfile. No ano passado, a bateria da Mangueira fez uma parada mais extensa do que o normal, o que conquistou quase a totalidade dos jurados.

Trazer surpresas para o Carnaval não é algo novo para a bateria da Mangueira. Em 2010, a escola simulou uma prisão dos ritmistas. No ano seguinte, os integrantes desta divisão da agremiação fizeram uma marcha.

Mesmo com duas baterias em 2013, a escola contou com apenas uma rainha: Gracyanne Barbosa, que deixou a Unidos da Tijuca para assumir o posto pela terceira vez na agremiação verde e rosa.

  • Antonio Scorza / AFP Photo

    11.fev.2013 - Um pedaço do último carro alegórico da Mangueira a desfilar bateu em uma saliência da Marquês de Sapucaí destinada a abrigar os fotógrafos da imprensa

Desfile

O desfile da Mangueira começou com grande correria e movimentação na concentração, especialmente por conta do grande número de integrantes e da divisão de baterias. O público local respondeu com força aos primeiros chamados do puxador (veja letra ao lado).

VEJA LETRA DO SAMBA

Dai-me inspiração oh Pai!
Pois em meus versos quero declamar
A capital da natureza, eternizar
Embarque na Estação Primeira
O mestre a nos guiar
Bambas imortais, o eldorado dos antigos carnavais
Num relicário de beleza sem igual
Fonte de riqueza natural
Cidade formosa... verde... rosa
Teu nome reluz, Vila Real do Bom Jesus

 

O apito a tocar preste atenção!
Mistérios e lendas de assombração (bis)
Segui com coragem, mostrei meu valor
Eu sou Mangueira a todo vapor

 

Em cada lugar, um "causo" que o povo contou
Em cada olhar, na arte num poema brilhou
Um doce sabor, tempero pro meu paladar
Procure seu par, a festança vai começar
Na benção de São Benedito eu vou
Dançar com o meu amor, o sonho enfim chegou
Ao paraíso, emoldurado em cintilante céu azul
Bendita sejas terra amada!
No coração da América do Sul
É hora de darmos as mãos
Agora seguir na missão
Sustentar na mesma direção

 

Mangueira no trem da emoção
Viaja na imaginação (bis)
Teu samba é madeira, é jequitibá
É poesia dedicada a Cuiabá

A comissão de frente optou por desfilar sem alegorias como aquelas presentes em desfiles como o da Unidos da Tijuca. Os primeiros componentes da escola a entrarem na avenida traziam as mulheres fantasiadas como índias que se transformavam ao vestirem saias grandes e rodadas.

Índios também figuraram na representação da fundação da capital mato-grossense, realizada com alas temáticas que também reuniam fantasias de bandeirantes. O carro-abre alas mostrou barracões de zinco e morros para celebrar a história de Cuiabá. Bonecas de pano, tradicionais no artesanato cuiabano, também foram lembradas no desfile da escola carioca.

No comando da bateria verde, que usou fantasias de maquinistas, estava a rainha Gracyanne Barbosa. "Sempre fui Mangueira, só não dizia isso quando eu desfilava por outras escolas pois não seria educado", disse a modelo à reportagem do UOL, também vestida em conformidade com os ritmistas. Já os ritmistas vestidos de rosa estavam fantasiados como cozinheiros.

Outras musas que estiveram na avenida foram Luize Altenhofen, apresentadora do "Esporte Espetacular", e a dançarina Scheila Carvalho, ex-integrante do É o Tchan. O desfile contou ainda com jovem Catarina Migliorini, virgem que leiloou sua primeira vez na internet e já chegou a posar para edição de janeiro da revista "Playboy".

Tradição de mestre-sala

O desfile também contou com homenagem a Delegado, tradicional mestre-sala da Mangueira, que foi lembrado por um dos componentes da comissão de frente, que trazia uma máscara.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeiras, Raphael Rodrigues e Marcella Alves, trazia fantasias repletas de pedras e muito brilhantes.

Toda a fantasia de Marcella Alves pesava 30 kg e custa mais de R$ 100 mil. O adereço também contava com 2 mil penas de faisão albino, que foram tingidas em verde e rosa com um custo de R$ 40 mil.

  • Marco Antônio Teixeira/UOL

    Casal de mestre-sala e porta-bandeira contou com fantasias de até R$ 100 mil

Problemas na dispersão

De acordo com a reportagem do UOL no local, um forte de cheiro de queimado no abre-alas chamou a atenção das pessoas na dispersão. A alegoria emperrou na saída do Sambódromo e integrantes da velha guarda que estavam no veículo precisaram de ajuda para descer.

Houve um início de pânico quando bombeiros correram para retirar pessoas assustadas com a fumaça que emanava do carro. A retirada do veículo foi complicada e quase atingiu uma das pilastras do posto médico no local.

Outro problema aconteceu com o último carro alegórico, que trazia uma borboleta erguida por uma grande torre. Esta parte da alegoria atingiu em cheio uma saliência na Sapucaí usada para que fotógrafos realizem imagens de toda a avenida.

*Com reportagens de Renato Damião e Fabíola Ortiz

  • Antonio Scorza / AFP Photo

    11.fev.2013 - Braço do último carro alegórico da Mangueira se choca contra pedaço da Sapucaí

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