Salgueiro satiriza universo das celebridades com desfile tecnológico e luxuoso

Tecnologia e brincadeiras com o universo das celebridades, instantâneas ou não, marcaram o bem sucedido desfile da escola de samba Salgueiro, segunda atração a invadir a Sapucaí neste domingo (10) às 22h30. Com um enredo sobre a fama, a agremiação conseguiu representar tudo o que cerca a construção por trás de uma pessoa famosa, simbolizando até mesmo quem tenta 15 minutos de espaço em frente à TV. O desfile terminou após 80 minutos, dentro do tempo permitido.

Criado pelos carnavalescos Marcia e Renato Lage, o enredo da escola que completa 60 anos em 2013 foi encarnado por um séquito de celebridades como os atores Paulinho Vilhena, Thaila Ayala, Fernanda Rodrigues, Eri Johnson e Cacau Protásio. O experiente cantor e puxador Xande de Pilares, do grupo Revelação, foi a voz da escola na avenida em 2013 (veja letra ao lado).

De acordo com a reportagem do UOL no local, a evolução do Salgueiro na parte inicial da avenida transcorreu de forma mais organizada do que a Inocentes do Belford Roxo, escola que abriu os doze desfiles principais do Carnaval do RJ. O público sabia cantar a música e vibrou durante as paradinhas da bateria, coordenada por mestre Marcão.

O ator norte-americano Will Smith foi uma das surpresas entre o público que acompanha o desfile. Ao ser identificado durante a transmissão, o astro recebeu com alegria os cumprimentos. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também esteve entre as testemunhas do desfile, que priorizou a tecnologia. A apresentadora Xuxa e o namorado Junno Andrade, ator de "Salve Jorge", também foram vistos no Sambódromo.

Patrocinado pela revista "Caras", que investiu R$ 3 milhões no carnaval da escola, o Salgueiro trouxe para a avenida um carro alegórico chamada Ilha dos Prazeres, uma referência explícita ao espaço que a publicação reserva para ensaios fotográficos e reportagens com celebridades. A alegoria tem 18 metros de comprimento, sendo adornada com iates e elementos que aludem ao cenário de uma ilha paradisíaca.

Desfile

A comissão de frente chamou atenção ao ser acompanhada por uma limousine rosa e gigante, que simboliza a ostentação do mundo das personalidades. Os integrantes do primeiro setor do desfile traziam fantasias de mulheres famosas como a atriz Marylin Monroe e a cantora Amy Winehouse, duas figuras com vidas marcadas pelo assédio constante de fãs e jornalistas, além do envolvimento em polêmicas.

Logo atrás, o carro abre-alas trazia uma máquina fotográfica, o instrumento típico de paparazzi para captar cada instante da vida das personalidades. Até mesmo os seguranças que normalmente impedem o trabalho do fotógrafos foram representados no carro, que também continha 200 metros quadrados em paineis de LED.

Ao todo, a agremiação contou com 3,8 mil componentes, sete alegorias e 36 alas. Entre os foliões da escola com as cores vermelho e branco estava Djalma Sabiá, único fundador vivo da agremiação, que fez questão de desfilar no chão.

Mesmo sem querer relatar uma história formal da fama, a escola citou exemplos de vaidade que existiram na história como o culto aos faraós no Egito Antigo e a figura de Luís 14, o Rei-Sol francês do século 17.

Em outro momento de alusão ao culto à personalidade, a bateria da agremiação apareceu na avenida vestida com uma vestimenta que trazia a icônica foto de Che Guevara, símbolo da Revolução Cubana de 1959.

Pela segunda vez no Carnaval carioca, houve falha no sistema de som no meio de um desfile, assim como já havia ocorrido durante as apresentações da Série A, novo nome da divisão que dá acesso ao Grupo Especial do carnaval do RJ.

Também chamou a atenção uma "máquina" que produzia celebridades. Com dançarinos animados, o artefato "expulsava" pessoas que entravam feias e desconhedidas, transformando-as em personalidades, tal como em uma fictícia fábrica de gente famosa.

Musas

Uma das atrações reservadas pela escola foi a presença do trio de musas Viviane Araújo, Milena Nogueira e Valesca Popozuda.

Depois de participar do Carnaval da Mancha Verde, em São Paulo, a rainha de bateria Viviane puxou o ritmo do Salgueiro pelo sexto ano consecutivo. Segundo a musa, a presença em 2013 serviu para pagar uma dívida de carinho com a comunidade da agremiação. Também está na avenida Milena, a esposa do sambista Diogo Nogueira.

Já a funkeira Valesca, que desfilava há três anos na escola, entrou na Sapucaí desta vez como musa na frente do quinto carro alegórico, que representa um programa de edição de imagens, além de as pessoas anônimas, transformadas em celebridades com o auxílio da tecnologia.

*Com reportagem de Renato Damião e Fabíola Ortiz