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Postura em posse no TSE reforça imagem de Bolsonaro 'como cabo eleitoral de Lula'

Presidente  Jair Bolsonaro na pose de Alexandre de Moraes como presidente do TSE - Reprodução/TV
Presidente Jair Bolsonaro na pose de Alexandre de Moraes como presidente do TSE Imagem: Reprodução/TV

Raquel Miura

RFI, Brasília

17/08/2022 06h07

A posse do ministro Alexandre de Moraes como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nessa terça-feira (16), em Brasília, reuniu Jair Bolsonaro e quatro ex-presidentes da República. Mais cedo, em atos de campanha, Bolsonaro e Lula focaram no voto evangélico. Ao analisar os eventos, o cientista político David Fleisher diz que por essas e outras posturas o presidente perde muitos eleitores.

A cena em si já seria notícia. Dois arquirrivais, que disputam uma eleição tensa, com ânimos acirrados na direita e na esquerda, frente a frente no TSE. E não foram apenas Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva que estavam lá. Enquanto Bolsonaro, que por ser presidente da República ocupava a mesa central, na primeira fileira da plateia estavam, além de Lula, José Sarney, Michel Temer e Dilma Roussef - esses dois últimos acabaram não ficando lado a lado, como alguns temiam e outros esperavam.

Mas o atual presidente conseguiu chamar a atenção porque, em um auditório cheio, parece ter sido o único que não aplaudiu o discurso de Moraes em defesa do sistema eleitoral brasileiro. A TV oficial registrou o momento em que Moraes é ovacionado, mas Bolsonaro permanece indiferente. Talvez incomodado, mas sem entregar os pontos. Os ministros indicados por ele para o Supremo Tribunal Federal, André Mendonça e Nunes Marques, seguiram o público nas palmas.

O cientista político David Fleisher, da Universidade de Brasília, disse à RFI que é por essas e outras posturas que Bolsonaro perdeu muitos eleitores. "Usualmente o candidato que tenta a reeleição tem muito poder, tem a caneta na mão. Até há casos aqui e nos Estados Unidos de candidatos que não conseguiram se reeleger, mas em geral eles têm uma vantagem na disputa. O problema são as coisas que Bolsonaro fala e faz. Dizem que ele é o maior cabo eleitoral do Lula".

Primeiros atos da campanha eleitoral

No primeiro dia oficial da campanha eleitoral no Brasil, em atos pedindo votos, Lula e Bolsonaro miraram o voto dos evangélicos.

"Vamos falar de política hoje, sim, para que amanhã ninguém nos proíba de acreditar em Deus", afirmou o presidente a apoiadores em Juiz de Fora, Minas Gerais.

"Ele é um fariseu e está tentando manipular a boa-fé de homens e mulheres evangélicos", afirmou Lula sobre o adversário em ato na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo.

"O eleitor evangélico é foco dos dois. Diria que principalmente as eleitoras evangélicas", avalia o cientista político. Ele acredita que os esforços dos dois principais adversários à eleição presidencial de outubro visam convencer os indecisos, pois "pesquisas apontam que mais de 70% dos eleitores já escolheram o candidato e não parecem dispostos a mudar".

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