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Lula: Era visível a cara de constrangimento do Bolsonaro na posse de Moraes

do UOL

Do UOL, em São Paulo

17/08/2022 08h30Atualizada em 17/08/2022 09h51

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em entrevista hoje à Rádio Super, de Minas Gerais, que era "visível a cara de constrangimento" do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a posse do ministro Alexandre de Moraes no cargo de presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A cerimônia ocorreu ontem e contou com a presença do mandatário do Planalto e ex-presidentes.

Bolsonaro ficou muito incomodado porque ouviu tantas vezes a palavra democracia, críticas a fake news, críticas ao autoritarismo. Todo discurso era visível a cara dele de constrangimento, com muita má vontade ele ficava em pé para aplaudir. Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Rádio Super.

Apesar de estarem no mesmo espaço e sentados frente a frente, Lula confirmou que não encontrou com Bolsonaro e avaliou que o presidente estava isolado durante o evento.

"É estranho. Numa solenidade você conversa com as pessoas do lado. Estávamos sentados juntos numa demonstração de que ele estava muito inquieto, incomodado. Nunca tinha visto essa quantidade de ar respirando democracia", disse o candidato.

Na entrevista, Lula também afirmou que a situação do Brasil "está infinitamente pior do que em 2003" e brincou que pediu voto para sua esposa Janja da Silva no primeiro dia oficial de campanha eleitoral.

Lula compara cenário do Brasil com casa arrombada. "Está tudo um pouco mexido. É como se você tivesse saído de casa e [quando voltasse] a casa estivesse arrombada. Vai ter que colocar as coisas no lugar, fazer a economia voltar a crescer, gerar emprego, cuidar da formação de mão de obra qualificada para que as pessoas possam ganhar mais, ter preocupação com as crianças que voltaram para escola. Temos um problema muito grande da fome, temos que recuperar a respeitabilidade mundial, o prestígio, o protagonismo mundial que o Brasil tinha".

Segundo o ex-presidente, pegar o Brasil em 2023 "é infinitamente pior do que em 2003" durante seu primeiro governo.

"Agora você tem o ódio, o desrespeito às instituições, fake news, pessoal do mal nas redes sociais. É quase que reconstruir o país."

Pedido de voto para Janja. Lula também disse que pediu voto para sua mulher, a socióloga Janja da Silva, nos primeiros minutos do dia 16 de agosto, início oficial de campanha eleitoral no Brasil. Antes, políticos não podiam pedir votos, realizar comícios, caminhados nem distribuir material gráfico ou veicular propaganda em mídia impressa e internet.

"Sabe o que eu fiz ontem? Acordei meia-noite para pedir voto pra Janja. Porque estava tudo proibido. Cansei de fazer ato e não podia falar a palavra eleição, voto, candidato. É uma loucura", afirmou o ex-presidente.

Então acordei meia-noite, quando passou 30 segundos, eu falei 'Janjinha, vote em mim'. Ela falou 'Vou votar'. Fiquei feliz.
Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Rádio Super

Bolsonaro não aplaude discurso de Moraes

Durante a cerimônia, o presidente Jair Bolsonaro não aplaudiu o discurso de posse do ministro Alexandre de Moraes, que fez uma defesa enfática das urnas eletrônicas e do sistema eleitoral —alvos de constantes críticas sem apresentação de provas pelo líder bolsonarista.

Em um momento de sua fala, Moraes disse que o sistema eleitoral é motivo de "orgulho nacional" e foi aplaudido pelas autoridades presentes no plenário do TSE, local onde foi realizada a cerimônia de posse. Bolsonaro, que estava sentado ao lado da cadeira da presidência da Corte, foi o único da mesa que não aplaudiu.

Ao final do discurso de Moraes, o presidente, relutante, se levantou junto das demais autoridades do evento, mas também não aplaudiu o magistrado, se limitando a cumprimentá-lo com um aperto de mão.

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