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Odinga rejeita derrota eleitoral no Quênia após considerar resultados ilegais

Líder da oposição do Quênia, Raila Odinga, faz discurso - REUTERS/Thomas Mukoya
Líder da oposição do Quênia, Raila Odinga, faz discurso Imagem: REUTERS/Thomas Mukoya

16/08/2022 21h01

Nairóbi, 16 ago (EFE).- O ex-primeiro-ministro e líder da oposição do Quênia Raila Odinga rejeitou nesta terça-feira os resultados das eleições gerais como "ilegais", um dia depois que a Comissão Eleitoral Independente (IEBC, na sigla em inglês) anunciou sua derrota na corrida presidencial.

"Os números anunciados por (Wafula) Chebukati (presidente da IEBC) devem ser anulados pela Justiça. Em nossa opinião, não há vencedor legal e validamente declarado e nenhum presidente eleito", disse Odinga, em Nairóbi, em mensagem à nação.

Chebukati proclamou ontem a vitória do vice-presidente, William Ruto, nas eleições do último dia 9 com 50,49% dos votos, enquanto Odinga ficou com 48,85%.

O chefe da IEBC declarou Ruto, de 55 anos, "presidente eleito".

Minutos antes do anúncio, quatro comissários da IEBC (formados por sete comissários e o presidente), incluindo sua vice-presidente, Juliana Cherera, questionaram os resultados das eleições, alegando que a recontagem foi feita de forma "opaca".

Segundo o ex-primeiro-ministro, a rejeição destes comissários tornou a publicação dos resultados "ilegal", já que a legislação - como assegurou - estabelece que todas as decisões da IEBC devem ser tomadas "por unanimidade" entre os seus membros.

Odinga descreveu o anúncio como "um grande revés" para a democracia queniana, que colocou o país "em uma grave crise política e jurídica".

"Rejeitamos totalmente os resultados anunciados por Chebukati. Vamos considerar todas as vias legais disponíveis (para desafiar a apuração da IEBC). Não há presidente eleito", acrescentou.

De acordo com a lei queniana, o ex-primeiro-ministro tem sete dias a partir do anúncio dos resultados para contestá-los no Supremo Tribunal do país.

E, uma vez apresentada essa reclamação, a Justiça tem o prazo legal de 14 dias para proferir sua resolução.

Odinga, de 77 anos, concorreu pela quinta vez nas eleições presidenciais do Quênia na última terça-feira, depois de décadas como o eterno candidato da oposição, sem nunca ter conquistado uma vitória.

Após a derrota nas eleições de 2007, suas alegações de suspeita de fraude desencadearam uma onda de violência etnicamente tingida que deixou mais de 1,1 mil mortos e 600 mil pessoas tiveram que deixar suas casas no Quênia.

Em agosto de 2017, suas alegações de irregularidades no processo eleitoral foram reconhecidas pela primeira vez pelo Supremo Tribunal, que declarou nula a votação e ordenou sua repetição.

No entanto, Odinga boicotou essas segundas eleições, considerando que as reformas necessárias não foram implementadas.

Após uma intensa campanha eleitoral, milhões de quenianos votaram no último dia 9 em uma eleição geral que ocorreu com calma, exceto por alguns incidentes isolados.

No entanto, a apuração foi marcada por acusações de fraude por simpatizantes e políticos dos partidos de Ruto e Odinga, embora não tenham apresentado evidências claras e convincentes.

Se não for impedido pela Justiça, Ruto se tornará o quinto presidente do Quênia desde a independência em 1963, substituindo Uhuru Kenyatta, que cumpre o segundo e último mandato de cinco anos permitido pela Constituição.

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