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Suu Kyi é condenada mais uma vez por junta militar de Myanmar

15/08/2022 14h01

YANGON, 15 AGO (ANSA) - Um tribunal da junta militar de Myanmar condenou a ex-líder civil do país Aung San Suu Kyi a uma pena de seis anos de prisão pelo crime de corrupção, informa uma fonte próxima ao processo nesta segunda-feira (15).   

Segundo as informações, a Nobel da Paz de 1991 foi condenada "por quatro crimes de corrupção", sem dar detalhes. Somando a outros processos, Suu Kyi já foi condenada a mais de 11 anos de detenção desde que os militares deram um golpe de Estado no país em 1º de fevereiro de 2021.   

Assim que os golpistas assumiram o poder, a líder civil foi colocada em prisão domiciliar - ao lado do presidente Win Mynt - e, em de 22 junho deste ano, Suu Kyi foi colocada em isolamento em um presídio de Naypyidaw.   

A fonte ainda informou que Suu Kyi apareceu em "boas condições de saúde" perante os juízes. Os defensores da líder são proibidos de dar declarações à imprensa ou às organizações internacionais sob risco de serem presos.   

A ex-líder "de facto" de Myanmar já foi condenada, além da sentença de hoje, por "crimes" de violação da lei de desastres ambientais por conta da gestão da pandemia de Covid-19, por outra acusação de corrupção, por incitar a violência nos protestos contra o golpe de Estado e por violar as leis de comércio e telecomunicações.   

Suu Kyi ainda é acusada em outros processos, como por violação de segredo de Estado com base em uma lei ainda da época colonial, fraude eleitoral, sedição e mais acusações de corrupção. Somadas, as penas podem chegar a cerca de 90 anos de prisão.   

Reações - Após a nova condenação, a União Europeia e os Estados Unidos criticaram duramente os militares que deram um golpe no país.   

"Condenamos a injusta sentença aplicada contra Aung San Suu Kyi de mais seis anos de detenção e me volto ao regime de Myanmar para que liberte imediatamente e incondicionalmente ela e todos os outros presos políticos - e respeite a vontade do povo", disse o alto representante para Política Externa da UE, Josep Borrell.   

O Departamento de Estado norte-americano afirmou que a condenação "constitui uma afronta à justiça e ao estado de direito" e ressaltou que tanto a prisão como as penas contra Suu Kyi "são injustas".   

Os militares deram um golpe em Myanmar no dia da posse dos eleitos pela população no pleito disputado em dezembro. Na segunda eleição independente do país, o partido de Suu Kyi voltou a ter uma vitória avassaladora, com mais de 75% dos votos.   

Mesmo tendo ainda muitos benefícios por conta de um acordo militar-civil feito no meio da década passada, como cargos em ministérios importantes e um percentual fixo de ocupação do Parlamento, os militares deram um golpe por conta do grande poder que a líder civil tinha com a população.   

Desde o golpe, milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra os militares, e mais de 1,3 mil pessoas foram mortas nas manifestações pelas forças de segurança. (ANSA).   

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