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Perdi meu pai por intolerância, diz filho de petista morto por bolsonarista

Em ato em Foz do Iguaçu, Leonardo Miranda de Arruda (de camisa branca à esquerda) carrega faixa - Denise Paro/Colaboração para o UOL
Em ato em Foz do Iguaçu, Leonardo Miranda de Arruda (de camisa branca à esquerda) carrega faixa Imagem: Denise Paro/Colaboração para o UOL
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Denise Paro

Colaboração para o UOL, em Foz de Iguaçu (PR)

14/08/2022 12h40

Familiares e amigos do petista e guarda municipal Marcelo Arruda - morto em sua festa de aniversário pelo bolsonarista Jorge Guaranho - pediram paz, justiça e tolerância em um ato na manhã de hoje em Foz do Iguaçu (PR), a 636 km de Curitiba.

O filho de Marcelo, Leonardo Miranda de Arruda, 26, lamentou a ausência do pai. "Estou comemorando o Dia dos Pais sem meu pai porque um assassino, por intolerância política, acabou tirando ele de mim. Que ele possa começar pagar pelo que fez na prisão".

A morte de Marcelo ocorreu em 9 de julho quando comemorava 50 anos em uma festa temática do PT, com bandeiras e cores do partido e a foto do ex-presidente e candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva.

Guaranho recebeu alta do hospital esta semana e está preso no Complexo Médico Penal, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba.

Leonardo lembrou que o pai era muito conhecido na cidade por ser filiado ao PT, e estar no Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu - Sismufi. Ele também recorda que Marcelo agia com tolerância em relação às ideias que discordava.

Grupo levou cartazes pedindo paz e justiça em ato em Foz do Iguaçu - Denise Paro/Colaboração para o UOL - Denise Paro/Colaboração para o UOL
Grupo levou cartazes pedindo paz e justiça em ato em Foz do Iguaçu
Imagem: Denise Paro/Colaboração para o UOL

"Estamos propagando isso, o fim desse ódio. É isso que ele defendia". Para Leonardo, o ato representa um reforço no pedido de paz e justiça. "É importante levantar essa bandeira porque não sabemos o dia de amanhã nesta sociedade".

Com o filho mais novo de Marcelo no colo, um bebê, a viúva Pamela Silva, 38, participou do ato e destacou a necessidade de justiça.

"Agora que houve o crime, que haja justiça". Ela disse que a família está acompanhando o desdobramento do processo de perto junto aos advogados. "Aquele cara deveria ter ficado em casa naquele dia", diz se referindo a Guaranho, que após passar pela primeira vez no local do crime, acabou retornando com arma em punho.

Amigos e familiares de Marcelo Arruda fizeram ato em Foz do Iguaçu - Denise Paro/Colaboração para o UOL - Denise Paro/Colaboração para o UOL
Amigos e familiares de Marcelo Arruda fizeram ato em Foz do Iguaçu
Imagem: Denise Paro/Colaboração para o UOL

Um dos irmãos de Marcelo, José Arruda, 55 anos, lembrou da infância difícil da família e que desde pequeno Marcelo aprendeu a ajudar outras pessoas. "Estamos clamando por justiça. A justiça que não funcionou até agora como queremos. Quem fez esse ato (a morte de Arruda) tem que pagar, não vamos deixar as coisas como estão", diz.

Durante o ato, amigos de Marcelo também lembraram o lado conciliador e tolerante do petista. "O Marcelo tinha diversidade política e respeitava outras opiniões", lembra o sub inspetor da Guarda Municipal Gregório Back, que trabalhou ao lado de Marcelo.

O ato teve início por volta das 9h em frente à igreja Nossa Senhora de Guadalupe, na Vila A. Após orações e manifestações da família e amigos, o grupo fez uma rápida passeata e caminhou pela feirinha da Vila A entregando flores para pais, em homenagem ao Dia dos Pais.

Algumas pessoas se emocionaram ao ver o ato. "Enquanto alguém atira no meu pai, eu entrego rosa", disse Leonardo.

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