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Justiça concede prisão domiciliar a bolsonarista que matou petista em Foz

do UOL

Do UOL, em São Paulo

10/08/2022 21h48Atualizada em 15/08/2022 21h02

A prisão preventiva do policial penal Jorge José da Rocha Guaranho foi convertida pela Justiça do Paraná em prisão domiciliar com o auxílio de monitoramento por tornozeleira eletrônica por até 90 dias. O equipamento foi instalado por volta das 21h45. Hoje à tarde, ele teve alta do hospital Ministro Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu (PR).

Após deixar o leito hospitalar, ele seria transferido ao Complexo Médico Penal em Pinhais, na região metropolitana da capital Curitiba, onde ficaram os políticos detidos pela Operação Lava Jato. Mas a medida foi revogada após a unidade prisional informar não ter condições para receber o detento devido ao seu "grave quadro clínico".

O policial penal foi denunciado por homicídio qualificado pelo assassinato do guarda municipal Marcelo Arruda, morto a tiros quando comemorava o aniversário de 50 anos com uma festa temática do PT na noite de 9 de julho em Foz.

Juiz criticou demora do Complexo Penal. Em decisão assinada hoje à tarde, o juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal de Foz do Iguaçu, criticou a demora da unidade prisional para informar não ter condições para receber Guaranho.

"Não bastasse a absurda situação de se constatar a total incapacidade técnica do Estado em cumprir a ordem judicial que decretou a prisão preventiva do réu, tem-se a inacreditável omissão em comunicar tempestivamente a sua inaptidão", cita o magistrado, em um dos trechos da decisão.

Por que Guaranho não poderia ficar na prisão? Em relatório, a unidade prisional informou que Guaranho depende de acompanhamento fisioterápico, nutricional e neurológico para a sua recuperação. "Incompatível com as condições estruturais apresentadas por este Complexo Médico Penal", informou.

A Justiça do Paraná concedeu a prisão domiciliar, "até que seja possível eventual remanejamento do réu para estabelecimento adequado". Guaranho só poderá se retirar da sua casa em caso de necessidade de atendimento médico e não deverá sair da cidade sem prévia autorização judicial.

Guaranho correria risco de morte em prisão? Para o promotor Luis Marcelo Mafra Bernardes da Silva, do Ministério Público do Paraná, apesar de o estado de Guaranho ser grave, "não há, como quer crer o DEPEN/PR, risco de vida ao requerente". O promotor também alega que a prisão não possui os serviços necessários para recuperação do policial e que há um "absoluto descaso" do Estado do Paraná.

Após a decisão, os representantes legais da vítima se manifestaram por meio de nota. "Entendemos que é uma decisão absurda, uma vez que é público e notório que o Estado tem condições de fornecer tratamento médico a presos, especialmente no Complexo Médico Penal", criticam os advogados em nota conjunta.

Desapontamento da família da vítima. Por meio de nota, Leonardo Miranda de Arruda, filho do petista assassinado, manifestou seu desapontamento com a Justiça.

"O governo não se mostra preparado para receber um 'preso' em uma Clínica Médica Penitenciária por não conseguir oferecer estrutura suficiente. Após ter cometido tamanha barbárie e acabado com a vida de um pai de família, o assassino ficará em casa, curtindo o dia dos pais com seu filho, se 'recuperando'", lamentou.

Agressões após bolsonarista matar. Após ser atingido por seis tiros, Guaranho levou mais de 20 chutes na cabeça em pouco menos de seis minutos, conforme revelou o UOL, que teve acesso às imagens das câmeras de segurança no local do crime. As agressões fazem parte de uma investigação paralela da Polícia Civil do Paraná, que apura o impacto das lesões sofridas por Guaranho em decorrência do espancamento praticado por três homens.

Guaranho teve alta da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital há três semanas para se recuperar de lesões.

Com fragmentos de projétil de arma de fogo alojado na cabeça, o policial penal foi atingido por tiros na boca, braços, perna esquerda e de raspão no pescoço, segundo informações passadas ao UOL pelos representantes legais dele. O policial penal ainda sofreu uma fratura no maxilar.

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