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França inicia vacinação contra varíola dos macacos em número restrito de farmácias

10/08/2022 15h52

Diante da aceleração das contaminações com o vírus da varíola dos macacos, a França decidiu ampliar sua campanha de vacinação, administrando doses em farmácias. Mas o programa ainda encontra dificuldades logísticas para ser implementado.

Mais de 2.600 casos de varíola dos macacos foram confirmados na França e cerca de 30.000 pessoas já foram vacinadas, de acordo com informações oficiais divulgadas nesta quarta-feira (10) pelo ministro da Saúde, François Braun. Segundo ele, o país tem estoques de vacinas suficientes para garantir a proteção da população que concentra o maior número de casos do vírus por enquanto (pessoas com múltiplos parceiros sexuais, como trabalhadores do sexo, e homens que mantém relações sexuais com outros homens).

De acordo com o ministro, 250.000 pessoas poderiam ser imunizadas na França. "Nós temos a possibilidade de vacinar todos [desse grupo]", insistiu Braun, sem dar mais detalhes sobre o número de doses e o dispositivo de distribuição.

Atualmente, apenas uma centena de centros de saúde estão autorizados a vacinar a população e a fila de espera é cada vez maior. Quem tenta marcar um horário para ser vacinado dificilmente encontra vaga antes de outubro.

Por essa razão as autoridades decidiram iniciar a campanha de imunização em farmácias. Mas, por enquanto, apenas cinco estabelecimentos serão autorizados em todo o país. A iniciativa, que começou nesta quarta-feira, ainda está em uma fase de teste que vai durar duas semanas.  

 "Não é suficiente", aponta o médico Olivier Bouchaud, chefe do serviço de doenças infecciosas e tropicais do hospital Avicenne, nos arredores de Paris. Mas ele lembra, em entrevista à RFI, que o combate à varíola dos macacos não é tão simples, pois a vacina deve ser conservada respeitando uma série de condições, como estar estocada a uma temperatura de -80°.

Além disso, aponta o médico, "não é uma vacina clássica, comercializada. É uma vacina que é constituída por um estoque do Estado, ligado ao ministério da Defesa", comenta. "Ela não é destinada a tratar a varíola dos macacos, e sim a varíola convencional. O que quer dizer que esta vacina foi estocada para um caso de uma guerra bacteriológica, com o vírus da varíola. Então, o circuito de fornecimento não é o mesmo, o que complica a situação", ressalta.

Por esse motivo os números exatos sobre os estoques de vacinas não são divulgados no país. "Mas não precisamos saber qual é o estoque global da França e sim se ele é suficiente para vacinar a população visada. E o ministério da Saúde e as agências regionais de saúde nos garantem que sim", conclui.

Estados Unidos mudam método

A agência reguladora dos Estados Unidos autorizou, nesta terça-feira (9), um novo procedimento de injeção para a vacina, que deve permitir que mais pessoas sejam imunizadas com a mesma quantidade do produto. Essa nova estratégia permitirá que menos produto seja usado por injeção e, assim, "aumentará o número total de doses disponíveis em até cinco vezes", disse a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) em comunicado.

A FDA também autorizou a administração da vacina em menores de 18 anos considerados de alto risco de infecção. Para os maiores de 18 anos, a vacina poderá, a partir de agora, ser injetada por via intradérmica, entre as camadas superiores da pele, e não de forma subcutânea, muito mais profunda.

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