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ONU cita cada vez mais provas de crimes contra a humanidade em Mianmar

09/08/2022 05h43

Os investigadores da ONU afirmaram nesta terça-feira (9) que há cada vez mais provas de que crimes contra a humanidade estão sendo cometidos em Mianmar desde o golpe de Estado do ano passado.

Em seu relatório anual, o Mecanismo de Investigação Independente das Nações Unidas para Mianmar destacou que "vários elementos indicam que desde a tomada de poder pelos militares, em fevereiro de 2021, foram cometidos crimes graves".

"São crimes em escala e de uma maneira que constituem um ataque generalizado e sistemático contra a população civil", afirmou o organismo em um comunicado, que cita assassinatos, deportações, estupros e perseguições, entre outros crimes contra a humanidade.

O mecanismo de investigação - criado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em setembro de 2018 - busca reunir provas dos crimes mais graves para possíveis processos penais.

Sem uma permissão das autoridades birmanesas para visitar o território, o relatório é baseado em centenas de depoimentos, documentos gráficos e outras fontes.

"Os crimes contra as mulheres e as crianças estão entre os mais graves crimes internacionais, mas também são historicamente pouco denunciados e investigados", disse Nicholas Koumjian, diretor do mecanismo de investigação.

"Os autores destes crimes devem saber que não podem continuar atuando com impunidade. Compilamos e preservamos as evidências para que algum dia prestem contas", destacou.

De acordo com as informações disponíveis, os investigadores da ONU, "membros das forças de segurança e grupos armados cometeram crimes sexuais e de gênero, incluindo estupros e outras formas de violência sexual, assim como delitos contra as crianças". 

Segundo o relatório, crianças foram torturadas, recrutadas e detidas arbitrariamente.

Em janeiro, Koumjian afirmou que mais de mil pessoas podem ter sido mortas em circunstâncias que podem ser classificadas como crimes contra a humanidade ou crimes de guerra.

No relatório, o mecanismo de investigação também recorda os rohingyas. Quase 850.000 membros desta minoria muçulmana vivem em acampamentos improvisados em Bangladesh, depois que fugiram de uma violenta repressão militar en 2017 em Mianmar, país de maioria budista.

Desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro de 2021, que derrubou a líder civil Aung San Suu Kyi, a junta militar governante executa uma violenta repressão dos opositores, com mais de 2.100 civis mortos e quase 15.000 detidos, segundo uma ONG local.

Em 22 de julho, a Corte Internacional de Justiça declarou sua competência para julgar as acusações de genocídio contra Mianmar.

apo/nl/mar/mis/zm/fp

© Agence France-Presse

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