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Alvo de ações judiciais, Trump denuncia "perseguição política" em operação do FBI em sua casa na Flórida

09/08/2022 06h07

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciou na noite desta segunda-feira (8) que sua famosa residência na Flórida, Mar-a-Lago, havia sido alvo de uma operação pela Polícia Federal (FBI). O republicano, ligado direta ou indiretamente a diversos processos judiciais, não especificou o motivo. Mas, de acordo com a mídia americana, a intervenção faz parte de uma investigação sobre a má gestão de documentos confidenciais, que foram enviados para Mar-a-Lago.

"Nossa nação está vivendo em tempos sombrios, minha linda casa, Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida, está sitiada e foi invadida e ocupada por diversos agentes do FBI", revelou Trump em comunicado em sua rede social Truth, se dizendo vítima de "perseguição política".

"Depois de trabalhar e cooperar com as agências governamentais relevantes, essa busca não anunciada em minha casa não era necessária nem apropriada", acrescentou Trump. "Eles até arrombaram meu cofre!", afirmou indignado. De acordo com o The New York Times, Trump não estava no local no momento da operação.

Contatado pela AFP, o FBI, que ainda não confirmou a busca, não quis comentar o caso

Em fevereiro, os Arquivos Nacionais americanos informaram que precisavam recuperar na Flórida 15 caixas de documentos que Donald Trump havia levado consigo quando deixou Washington em janeiro de 2021. As caixas conteriam cartas do ex-presidente Barack Obama e do líder norte-coreano Kim Jong Un, um mapa dos Estados Unidos que havia sido objeto de trocas tempestuosas com o serviço meteorológico americano, mas também, de acordo com o The Washington Post, diversos documentos classificados como "segredo de defesa".

Os Arquivos Nacionais asseguram que o republicano não tinha o direito de retirar essas caixas: de acordo com uma lei de 1978, cada presidente americano deve transmitir todos os seus e-mails, cartas e outros documentos de trabalho a essa agência, responsável por guardá-los.

A agência federal pediu à justiça americana que abrisse uma investigação sobre esses fatos, ainda de acordo com a mídia americana.

Banheiros entupidos

Funcionários da Casa Branca também descobriram acidentalmente maços de papéis que estariam entupindo os banheiros, e suspeitaram de que Trump queria se livrar de documentos. As informações constam em um livro que ainda será publicado por um famoso repórter do The New York Times.

O anúncio da busca logo provocou indignação nas fileiras republicanas. O líder dos conservadores na Câmara dos Deputados, Kevin McCarthy, denunciou uma "instrumentalização intolerável para fins políticos" do Ministério da Justiça, prometendo uma investigação sobre seu funcionamento quando os republicanos retornarem ao poder.

Um comitê parlamentar também está tentando esclarecer o papel que o bilionário desempenhou no ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021. Naquele dia, centenas de seus apoiadores semearam violência e caos dentro da sede do Congresso, atrasando a certificação da vitória presidencial de Joe Biden.

O Departamento de Justiça está investigando o ataque, mas ainda não apresentou acusações contra o ex-presidente. No final de julho, o ministro da Justiça, Merrick Garland, não descartou essa possibilidade. "Pretendemos responsabilizar quem for criminalmente responsável pelos acontecimentos em torno de 6 de janeiro, em qualquer tentativa de interferir na transferência legal de poder de uma administração para outra", ele declarou.

Além disso, duas investigações, uma civil e outra criminal, estão sendo conduzidas em Nova York por suspeita de fraude financeira dentro da Trump Organization. Enquanto isso, Donald Trump, ainda muito popular entre os republicanos, flerta cada vez mais abertamente com a ideia de concorrer à presidência em 2024.

(Com informações da AFP)

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