UE apresenta 'texto final' para negociação nuclear com Irã
A União Europeia (UE) apresentou um "texto final" para as negociações que buscam a retomada do acordo internacional de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, sem que Teerã tenha dado o seu aval a essa proposta.
"Temos trabalhado durante quatro dias e o texto está na mesa", afirmou nesta segunda aos jornalistas um funcionário do alto escalão da UE, em condição de anonimato.
"A negociação já terminou, esse é o texto final [...] e não será renegociado", explicou.
O alto representante da UE para a política externa, Josep Borrell, afirmou que o que podia ser negociado já foi negociado. "Este é um texto final", escreveu no Twitter.
"No entanto, por trás de cada tema técnico e de cada parágrafo há uma decisão política que deve ser tomada nas capitais. Se as respostas forem positivas, então poderemos firmar o acordo", indicou.
Após um impasse de meses nas negociações, diplomatas de Irã, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha retornaram na última quinta a Viena para uma rodada de negociações com o objetivo de tentar salvar o acordo.
Esse diálogo busca garantir que o programa nuclear de Teerã tenha fins civis, uma vez que o Irã foi acusado de tentar adquirir uma arma atômica, apesar de o país negar essa intenção.
O acordo internacional de 2015 ficou no limbo depois que os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do pacto em 2018, durante o governo de Donald Trump, restabelecendo as sanções contra o Irã. Em resposta, a República Islâmica começou a desligar-se progressivamente de seus compromissos nucleares.
O objetivo da retomada do diálogo, do qual os Estados Unidos participam indiretamente, é canalizar o processo.
"Agora, a bola está com as capitais e vamos ver o que vai acontecer", acrescentou o dirigente europeu.
O diplomata destacou a qualidade do texto e afirmou que espera que o mesmo seja aceito e que haja um acordo em "algumas semanas".
- Obstáculos no caminho -
Em Teerã, o governo iraniano assinalou que está analisando o texto, que tem 25 páginas.
"Assim que recebermos essas ideias, transmitiremos nossa resposta e considerações iniciais para eles, mas essas questões exigem naturalmente uma maior revisão e considerações adicionais", informou a agência estatal IRNA, citando um diplomata não identificado.
Para pavimentar um acordo, há um obstáculo importante: o Irã pede à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a organização do sistema ONU responsável pelos assuntos nucleares, que arquive uma investigação sobre instalações nucleares não declaradas, onde foram encontrados vestígios de urânio enriquecido.
No domingo, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdollahian, pediu à agência da ONU que "resolva a questão" por meios técnicos e se abstenha de questões políticas que não sejam relevantes e construtivas.
Kelsey Davenport, especialista da Associação de Controle de Armas, alertou para o risco de um abandono da investigação com o objetivo de favorecer um acordo geral sobre a questão nuclear.
"Isso seria um erro", escreveu ela no Twitter. "Se os Estados Unidos e outros Estados signatários do acordo não apoiarem esta agência da ONU", isso prejudicaria sua missão e objetivos mais amplos de não proliferação.
anb/kjm/an/ms/rpr
© Agence France-Presse
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