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Gaza remove escombros e enterra seus mortos em meio a trégua com Israel

Fumaça no horizonte da Faixa de Gaza - REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa
Fumaça no horizonte da Faixa de Gaza Imagem: REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa

08/08/2022 06h22

Os moradores de Gaza removeram os escombros e enterraram seus mortos nesta segunda-feira (8), durante a pausa de três dias na batalha entre a Jihad Islâmica e Israel.

A trégua, obtida graças a mediação do Egito, entrou em vigor às 20h30 (17h30 em Brasília). Tanto a Jihad Islâmica, quanto Israel se reservaram o direito de responder em caso de futuras agressões.

A calma voltava progressivamente à Faixa de Gaza, enquanto os moradores retiravam os escombros e buscavam seus pertences. 

"Recebemos com alegria a notícia do cessar-fogo e voltamos a nossos trabalhos" explicou Hazem Douima, um comerciante de região. "Não queremos mais derramamento de sangue", acrescentou.

Quarenta e seis palestinos morreram desde o início da operação israelense, entre eles 16 crianças, e 360 ficaram feridos, segundo o último balanço do Ministério da Saúde do enclave, governado pelo grupo islamista Hamas.

Uma família enterrou quatro de seus membros, todos menores de idade, em um funeral com centenas de participantes em Jabalia (norte).

As autoridades israelenses afirmaram que alguns palestinos faleceram durante tentativas frustradas de lançamentos de foguetes por parte da Jihad Islâmica contra o território do Estado hebreu. 

Em Israel, três pessoas ficaram feridas por disparos de foguetes desde sexta-feira, segundo os serviços de emergência.

-"Golpe devastador" -

O primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, afirmou durante uma transmissão na televisão que o bombardeio "desferiu um golpe devastador no inimigo" e que "toda a cúpula militar da Jihad em Gaza foi atacada con êxito".

Israel apresentou os primeiros ataques de sexta-feira como uma operação "preventiva" contra a Jihad Islâmica, que, segundo o governo, estava planejando um atentado iminente. 

Em resposta aos bombardeios, o grupo armado, apoiado pelo Irã e incluído nas listas de organizações terroristas dos Estados Unidos e da União Europeia, disparou centenas de foguetes contra Israel.

Os principais comandantes militares da Jihad Islâmica em Gaza, Taysir al Jabari e Khaled Mansur, morreram, assim como diversos combatentes do grupo.

O braço militar da Jihad Islâmica informou em um comunicado que 12 integrantes do grupo morreram nos ataques israelenses.

Israel também prendeu 40 integrantes do grupo armado nos últimos dias na Cisjordânia ocupada.

Este confronto foi o mais violento no território desde o conflito de maio de 2021 entre Israel e o Hamas - movimento islamita que governa Gaza desde 2007. 

- "Trágica" -

"A situação é trágica e difícil em Gaza", declarou à AFP Mohamed Alai, um morador do enclave de 362 quilômetros quadrados, onde vivem 2,3 milhões de palestinos. "Há muitos mortos e feridos, muita destruição e devastação, mas Gaza está curando suas feridas", acrescentou.

Suhail al Bauab, morador de Gaza de 56 anos, passou três dias com medo. "Não queremos uma guerra a cada seis meses e, quando tomamos conhecimento da trégua, ficamos felizes, apesar do luto pelos mártires", disse.

As passagens de fronteira entre o Estado hebreu e a Faixa de Gaza, fechadas por Israel na semana passada, reabriram nesta segunda-feira "por razões humanitárias", anunciou em um comunicado o Cogat, o serviço do ministério da Defesa de Israel que monitora as atividades civis nos territórios palestinos.

Caminhões-tanque entraram pela passagem de fronteira de Kerem Shalom, no sul do território palestino, que está sob bloqueio israelense há mais de 15 anos. 

Pouco depois, a única central do pequeno território, que interrompeu as atividades no sábado por falta de combustível, voltou a "gerar energia elétrica", anunciou um porta-voz da empresa.

"A Jihad Islâmica sofreu um duro golpe que a fará recuar por décadas", declarou à imprensa um diplomata israelense. 

- Reunião do Conselho da ONU -

O acordo de trégua inclui, entre outras coisas, "o compromisso do Egito de trabalhar pela libertação de dois prisioneiros" da Jihad Islâmica detidos por Israel, afirmou o grupo palestino.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, elogiou a trégua e pediu uma investigação sobre as circunstâncias das mortes de vítimas civis.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que era "crucial trabalhar para consolidar o cessar-fogo".

O Conselho de Segurança da ONU deve realizar uma reunião de emergência na segunda-feira para discutir a situação em Gaza.

- "Ataque preventivo" -

Na guerra de 11 dias do ano passado, o balanço de mortos foi de 260 palestinos, incluindo combatentes, e 14 israelenses, entre eles um soldado.

O Hamas, que já travou diversas guerras contra Israel, permaneceu à margem das hostilidades do fim de semana.

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© Agence France-Presse

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