Há mais de 50 anos, a Honda apresentava sua primeira moto equipada com motor de quatro cilindros em linha. Nascia, em 1969, a CB 750, que mudou para sempre a história das motos e o mercado de motocicletas, fazendo a fama das marcas japonesas e levando muitas fabricantes europeias ao declínio.
Desde então, os motores de quatro cilindros conquistaram milhões de fãs ao redor do mundo e viraram uma "marca registrada" das fabricantes japonesas. Como a moto naked de maior capacidade cúbica e também a mais potente CB produzida pela Honda atualmente, a CB 1000R perpetua o legado das motos de quatro cilindros da marca japonesa nessa nova geração.
Embora não tenha sofrido mudanças radicais, pois chegou por aqui em 2019, a CB 1000R 2023 traz melhorias a uma moto que já cumpria bem o seu papel. Ou seja, de ser uma naked com agilidade para rodar na cidade e bom desempenho e certo conforto para um passeio de fim de semana.
Apesar de ser uma moto naked derivada da superesportiva Fireblade, a CB 1000R pode ser considerada uma sensata streetfighter. Sem os excessos da Ducati Streetfighter V4 ou da KTM 1290 Super Duke R, a CB 1000R prova que não é preciso toda a potência de uma moto esportiva de 1.000 cc em uma naked, mas ainda assim oferece desempenho forte e equilibrado, além de uma visual atraente.
Mais potente e menos poluente
As mudanças mais perceptíveis no modelo 2022 são visuais: as tampas da caixa do filtro de ar e as molduras do radiador têm novo desenho; o farol adotou um formato de gota e as rodas de liga-leve ganharam mais raios e perderam peso.
O motor também passou por uma afinação no sistema de alimentação, para atender às regras de emissão de poluentes, que entraram em vigor na Europa neste ano e vão valer no Brasil a partir de 2023. Curiosamente, ganhou potência, pouco mais de um cavalo e passou a entregar 142,8 cv a 10.500 rpm. Na minha opinião, mais que suficiente em uma moto sem nenhuma proteção aerodinâmica e destinado ao uso em ruas e estradas.
Mas o importante mesmo é o torque sentido desde os baixos giros. Impressionante como a CB 1000R pode ser conduzida como se fosse uma moto "automática": na estrada, para pilotar "na boa", pode-se manter marchas altas e nem é preciso fazer reduções no câmbio de seis velocidades.
Mas, se você curte altos giros, não se preocupe. Acima de 8.000 rpm, o motor mostra de onde veio - da oitava geração da CBR 1000RR Fireblade (2012) - e dá aquele soco no estômago que só os quatro cilindros são capazes.
Nessa hora, o divertido é subir as marchas perto do pico de potência e curtir as retomadas e esticadas dessa CB 1000R Neo Sports Cafe nas estradinhas sinuosas do norte de São Paulo e do sul de Minas Gerais, onde rodei cerca de 200 km com a nova naked.
Também é possível deixá-la mais apimentada, ou mais pacata, por meio dos modos de pilotagem. Rain, Road e Sport alteram a entrega de potência, o controle de tração e atuação do freio motor de forma bastante perceptível. E ainda é possível personalizar o modo User ao seu gosto.
Esportividade e conforto na medida
Mas a posição de pilotagem e a ergonomia dizem mais sobre o caráter da CB 1000R do que o motor herdado da Fireblade. O guidão largo é alto o bastante para que o piloto não se incline muito à frente, apenas o suficiente para "furar" o vento a 120 km/h e não sentir as costas depois de um passeio.
Já as pedaleiras, centralizadas e posicionadas bem abaixo do piloto, são um pouco elevadas, não tanto como nas esportivas, mas obrigam a flexionar as pernas. O banco oferece conforto na medida para um passeio curto - de até 200 quilômetros -, antes de começar a incomodar.
Mas é nos detalhes que a CB 1000R honra a tradição da Honda em fazer motos agradáveis e fáceis de guiar. Os manetes e controles são posicionados de forma a privilegiar a ergonomia.
Os freios oferecem uma frenagem segura e na medida para parar os 200 quilos da CB 1000R, mas sem a brutalidade das esportivas. Já a embreagem deslizante requer quase nenhum esforço para ser acionada, mas nas estradas sinuosas o quickshifter, exclusivo da versão Black Edition, mostra suas vantagens com mudanças rápidas e engates precisos.
A ciclística também mescla conforto e esportividade, aliás, como todo o conjunto do modelo Neo Sports Cafe. O garfo telescópico invertido na dianteira e o monobraço traseiro até que absorvem algumas imperfeições das ruas das cidadezinhas, mas garantem uma maneabilidade estável e confortável na estrada.
Nas curvas de Minas, em conjunto com os pneus Michelin Power 5, o conjunto ciclístico inspirou confiança para deitar a CB 1000R nas curvas. Sabe o tipo de moto que vai aonde você quer? Pois, assim é a naked de 1.000 cc da Honda, seguindo os passos de suas antecessoras.
Conectada
Se, no desempenho e na parte ciclística, a nova CB 1000R faz jus à longa tradição da Honda em produzir motos de quatro cilindros, agradáveis e fáceis de guiar, no quesito tecnologia, o modelo inova.
Faz a estreia no mercado brasileiro do sistema de conectividade Honda RoadSync, que permite conectar smartphones Android com o painel da moto - desde que se tenha um intercomunicador ou um conjunto de alto-falantes Bluetooth, com microfone, no capacete.
Isso porque o sistema funciona por controles de voz, para evitar distração. Afinal, em uma moto não dá para ficar olhando os comandos na tela e apertando muitas teclas. Então, para acessar as funções do smartphone, o Honda Smartphone Voice Control System (HSVCS) exige a instalação de um app dedicado e de um microfone. De forma intuitiva, é possível receber mensagens, procurar destinos ou até saber a previsão do tempo.
Uma novidade bastante interessante em uma época na qual dependemos do smartphone para quase tudo. Penso que o sistema criado pela Honda e outros ainda irão evoluir bastante, principalmente, na velocidade de processamento, e espero que não seja mais uma distração para os motociclistas. Mas, confesso, fazer uma viagem pelas estradas sinuosas de Minas ouvindo uma boa playlist é bastante divertido.
Conclusão
Depois de rodar, mais uma vez, com a CB 1000R concluo que é a melhor escolha para quem quer uma naked japonesa de quatro cilindros e 1.000 cc, no mercado brasileiro. Afinal, é tão potente quanto suas principais concorrentes - Kawasaki Z 1000 e Suzuki GSX-S 1000 - e está na mesma faixa de preço, ou seja, acima de R$ 70 mil.
A CB 1000R "standard", vendida nas cores vermelha e um belo prata fosco, tem preço sugerido de R$ 71.900; enquanto a exclusiva Black Edition está tabelada em R$ 79.970 - além da pintura preta e detalhes exclusivos, a versão tem uma pequena carenagem sobre o painel, opção de banco monoposto e o exclusivo quickshifter.
A favor do modelo da Honda, a meu ver, está o visual mais agradável, que mescla toques de modernidade com linhas minimalistas, enquanto Kawasaki e Suzuki apostam em um design mais agressivo e futurista, que remete aos desenhos japoneses, em suas nakeds de um litro.
Além disso, a CB 1000R traz uma eletrônica bastante refinada, para garantir a segurança do condutor. Agora, ganhou o reforço da conectividade com smartphone. Mais um ponto para a bignaked da Honda.
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