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Xi e Biden fazem cúpula virtual em meio a tensão e com expectativas moderadas

Os dois presidentes já haviam conversado longamente por telefone duas vezes desde a posse de Biden em janeiro - Nicolas Asfouri e Nicholas Kamm/AFP
Os dois presidentes já haviam conversado longamente por telefone duas vezes desde a posse de Biden em janeiro Imagem: Nicolas Asfouri e Nicholas Kamm/AFP

15/11/2021 18h06

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu homólogo da China, Xi Jinping, se reuniram hoje em uma cúpula virtual destinada a acalmar as tensões acumuladas sobre a questão de Taiwan e outros temas quentes.

Biden defende que a competição entre os países não evolua para um "conflito". As expectativas para a conversa, porém, eram moderadas.

Os dois presidentes já haviam conversado longamente por telefone duas vezes desde a posse de Biden em janeiro. Dada a recusa de Xi em viajar para o exterior devido à pandemia, optou-se por uma reunião online para manter conversas diretas.

Os assessores de Biden apresentam a cúpula como uma oportunidade para tentar evitar uma escalada das tensões, especialmente em relação a Taiwan, uma democracia autônoma que a China considera uma província turbulenta.

"Sabemos que, como líder global responsável, é importante manter os canais de comunicação abertos", disse um alto funcionário do governo dos Estados Unidos a jornalistas antes do encontro.

"O presidente também deixará claro que queremos construir salvaguardas comuns para evitar erros de cálculo ou mal-entendidos", completou, embora tenha procurado moderar as expectativas observando que não se esperam grandes resultados da cúpula.

O encontro acontece depois de Biden criticar a ausência de Xi Jinping em importantes reuniões internacionais e em um momento em que o presidente chinês fortalece seu controle sobre o regime.

As relações entre as duas potências entraram em colapso durante a presidência de Donald Trump (2017-2021), que lançou uma guerra comercial contra a China enquanto criticava Pequim pela pandemia.

Biden reformulou o confronto de forma mais ampla, em uma luta entre democracia e autocracia, e embora seu tom seja mais comedido que o de Trump, a relação entre Washington e Pequim continua tensa por questões como Taiwan, direitos humanos e comércio.

Grandes tensões

Atualmente, o destino de Taiwan é o que gera mais tensão, dada a intensificação das atividades militares chinesas com um número recorde de incursões na zona de defesa aérea da ilha.

A tensão ficou evidente no fim de semana, quando o secretário de Estado Antony Blinken e seu homólogo chinês Wang Yi tiveram uma conversa agitada.

Blinken expressou "preocupação com a contínua pressão militar, diplomática e econômica de Pequim" sobre Taipei, enquanto Wang alertou contra qualquer ação dos EUA que pudesse ser interpretada como apoio à "independência de Taiwan".

Pequim colocou nesta segunda-feira a responsabilidade de melhorar as relações sobre os ombros de Biden.

"Esperamos que os Estados Unidos trabalhem na mesma direção que a China para um bom entendimento", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, a jornalistas.

No entanto, o funcionário dos EUA disse que Biden seria "muito direto e franco nas questões que nos preocupam", aludindo ao "comportamento coercitivo e provocador da China em relação a Taiwan", bem como ao que Washington considera violações dos direitos humanos e práticas comerciais agressivas pela China. Mas destacou que há espaço para cooperação em várias áreas, como as mudanças climáticas.

Este encontro virtual acontece no momento em que Xi Jinping reforça seu controle sobre o país, como evidenciado pela adoção na quinta-feira de uma resolução do Partido Comunista da China, em comemoração ao seu centenário, que destaca o legado do presidente entre os ícones do regime.

Isso "cimentou ainda mais" a concentração de poder nas mãos do presidente chinês, segundo o funcionário. "Em nossa opinião, isso ressalta ainda mais a necessidade de intercâmbio de alto nível."

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, estimou nesta segunda-feira que Biden, apesar da queda em sua popularidade, chega "em posição de força" para enfrentar seu homólogo chinês, porque os Estados Unidos promoverão o investimento público e se comprometeram a fortalecer suas alianças internacionais.

"Se Biden e Xi puderem estabelecer um ritmo de comunicação regular, com reuniões presenciais quando as condições surgirem, então a China e os Estados Unidos serão capazes de gerenciar mais facilmente a volatilidade e os riscos de seu relacionamento", estima Danny Russel, alto diplomata do governo de Barack Obama e especialista em Ásia, em artigo para a revista "Foreign Affairs".

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