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Start-up francesa cria terminal de teleconsulta com objetos conectados

26/10/2021 10h47

A epidemia de Covid-19 gerou diversas oportunidades no setor da saúde. A popularização das teleconsultas à distância, que permitem reduzir os riscos de contaminação em um consultório, tornou-se um filão do mercado para sites que oferecem o serviço. A estimativa é que, na França, o número de teleconsultas tenha multiplicado por 40 entre 2020 e 2021.

Há, entretanto, certos limites, já que o diagnóstico do médico na consulta virtual depende basicamente da descrição dos sintomas. Para resolver esse problema, a start-up francesa Medadom, fundada em 2017, criou um terminal conectado que torna possível também o exame físico do paciente.

Atualmente, existem cerca 1.200 terminais implantados principalmente em farmácias na França. Alguns estão em funcionamento em prefeituras, centros de saúde ou consultórios de enfermeiras liberais. A meta é instalar 24.000 dispositivos até 2024.  

O terminal é equipado de um estetoscópio, um dermatoscópio, um aparelho para medir a tensão do paciente e um oxímetro.

O paciente insere seu cartão de Seguridade Social e pode consultar um médico em menos de dez minutos, sem marcar hora, de segunda a domingo, explicou à RFI Brasil um dos fundadores da Medadom, Nathaniel Bern. "O médico pode solicitar a utilização de certos objetos conectados e ativá-los à distância. Isso gera informações adicionais para o diagnóstico", explica.

Para examinar o ouvido, por exemplo, o médico irá ativar o dispositivo à distância e, com a ajuda do farmacêutico, ou de outro profissional da saúde que estiver à disposição, o especialista poderá realizar o exame e diagnosticar uma infecção.

O estetoscópio funciona da mesma maneira: à distância, o médico pode ouvir os batimentos cardíacos do paciente e avaliar a necessidade de uma emergência. "Temos parcerias com estabelecimentos de saúde onde atuam profissionais que têm horários vagos para assegurar as teleconsultas", diz.

Um aspecto importante é que as consultas respeitam a tarifa estabelecida pela Seguridade Social francesa para os clínicos-gerais: em torno de € 25, o equivalente a cerca de R$ 120, que depois serão reembolsados ao paciente.

Os especialistas não estão submetidos a essa regra e podem cobrar bem mais caro- entre €70 e €120 em média, valor que, em geral, é reembolsado pelos planos de saúde franceses. A empresa deve em breve propor também consultas com profissionais de áreas específicas, como neurologistas ou cardiologistas.

Facilitar o acesso

Um outro objetivo do dispositivo é facilitar o acesso às consultas em áreas conhecidas na França como "desertos médicos", cidades e vilarejos afastados onde poucos profissionais instalam seus consultórios. Nathaniel Bern lembra que também existem terminais instalados na capital, onde a oferta de consultas é mais restrita em alguns bairros. "Também há desertos médicos em Paris", lembra.

O custo para o farmacêutico é baixo: o aluguel do terminal é de € 200 mensais por três anos, o equivalente a cerca de R$ 1.265,00. O preço inclui a entrega, a instalação, a formação para utilizar o dispositivo, o acompanhamento e o suporte técnico. "Não podemos apenas instalar um sistema em uma farmácia. Temos que acompanhar os farmacêuticos na sua utilização", ressalta.

A start-up monta o terminal, fabricado por uma outra empresa, mas é responsável pelo desenvolvimento do software. "Nós o associamos aos objetos conectados, o que nos permite reunir todas as peças e depois entregar tudo pronto", explica o empresário francês. 

Expansão

A empresa também pretende testar o terminal nas casas de repouso medicalizadas para idosos na França, conhecidas como EHPAD. "Estamos em uma fase piloto, fazemos testes atualmente com os EHPAD. Tudo deve ser bem organizado do ponto de vista médico, porque nem tudo pode ser feito por teleconsulta", explica.

O terminal conectado já pode ser encontrado em alguns países dos territórios ultramarinos, como a Guadalupe ou a Martinica. Ele lembra também que a oferta está disponível em farmácias situadas em aeroportos, como Roissy-Charles de Gaulle, por exemplo. Nathanel Bern não descarta expandir para outros países, como o Brasil. "É algo que temos em mente, mas, cada coisa em seu tempo."

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