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Governo deve escutar, diz líder de protesto indígena no Equador

26/10/2021 20h39

Panzaleo, Ecuador, 26 Out 2021 (AFP) - Depois de derrubar governos e forçar outros a voltarem atrás, o movimento indígena do Equador retomou os protestos desta vez para desafiar um presidente recém-empossado que declarou estado de exceção.

Leonidas Iza, presidente da poderosa e maior organização indígena equatoriana (Conaie), liderou as manifestações registradas nesta terça-feira (26) no centro andino, de onde é originário, contra a política econômica do presidente conservador Guillermo Lasso.

Cercado por companheiros na localidade de Panzaleo, Iza - um engenheiro de 39 anos - ameaçou com um protesto escalonado e por prazo indeterminado até que Lasso mostre "vontade" de atender às reivindicações.

O gatilho foi a alta de até 12% no preço do combustível, elevando o preço do galão americano de diesel de 1,69 para 1,90 dólar e de gasolina comum, de 2,50 a 2,55 dólares.

Iza foi um dos líderes de doze dias de protestos violentos em outubro de 2019 contra a eliminação de subsídios milionários aos combustíveis, que deixaram onze mortos e mais de 1.300 feridos e obrigaram o então presidente, Lenín Moreno (2017-2021), a voltar atrás.

Em meio aos protestos, o dirigente reivindica a redução dos preços em benefício dos indígenas, que representam 7,4% dos 17,7 milhões de habitantes do Equador.

Confira a seguir trechos da entrevista com a AFP:

Pergunta: Aonde o movimento indígena quer chegar com esta queda de braço com o governo?

Resposta: Só depende da vontade do governo. Que diga de forma pública: muito bem, escutamos os setores populares do país (...) Com isso, teremos que ir para casa e continuar trabalhando, continuar sustentando a economia como sempre soubemos fazer.

P: Isso poderia resultar em uma convulsão social para depor o governo?

R: Não vou especular. Muitas vezes querem que digamos até o que não pode acontecer. Não podemos especular, isso vai depender da vontade das pessoas e da vontade do governo. Novamente, apelamos à sensibilidade, como autoridades que entendam a realidade deste país.

P: Qual é a situação de indígenas e camponeses em meio à pandemia?

R: É realmente muito complexa esta realidade. Se não tivesse sido pelos camponeses, certamente neste momento a economia equatoriana estaria muito mais arruinada. Setenta por cento do que os equatorianos comemos é se deve aos agricultores. Depois da pandemia, ao menos ficou uma mensagem clara: a produção dos camponeses nunca parou. Famílias estavam morrendo, membros nossos morreram, mas a agricultura nunca parou.

P: O que pedem ao governo?

R: Que congele o preço dos combustíveis em 1,50 dólar para o diesel e dois dólares para a gasolina.

Não podemos avançar na flexibilização trabalhista. Precisamos que se garanta ao menos um ano de moratória no sistema financeiro para as pessoas que não estão podendo pagar empréstimos.

Não queremos que nos deem um único centavo de presente. Só queremos que limpem toda usura de gastos judiciais, notificações de juros de mora que duplicam os créditos.

Não podemos avançar na miséria em larga escala em territórios com presença de povos indígenas, em zonas de recarga hídrica, em áreas protegidas e em zonas sensíveis.

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