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Segundo dia de protesto no Sudão para exigir um governo militar

17/10/2021 14h25

Cartum, 17 Out 2021 (AFP) - Centenas de sudaneses acampavam neste domingo (17), pelo segundo dia consecutivo, em Cartum para exigirem um governo militar, o que representa uma "crise perigosa", disse o primeiro-ministro Abdallah Hamdok, no processo de transição pós-ditadura.

Para os defensores de um governo civil, esse protesto representa um "golpe de Estado" iminente, em um país que já sofreu vários.

Mas os manifestantes contra o governo de Hamdok, que instalaram suas barracas no sábado à noite em frente ao palácio presidencial em Cartum, não dão o braço a torcer.

As forças de segurança, localizadas nas portas do palácio, não impediram o acampamento, quando há uma semana proibiram que uma manifestação de advogados se aproximasse do local.

"O protesto continua, não iremos embora até que o governo seja destituído", afirmou à AFP Ali Askouri, um dos organizadores. "Pedimos oficialmente ao conselho soberano", o órgão militar e civil que dirige a transição, "que não negocie mais com este governo", acrescentou.

As cenas lembravam as manifestações que acabaram com os 30 anos de mandato do ex-presidente Omar al Bashir em 2019.

Desde a queda do autocrata sudanês, os militares e os civis formaram um conselho soberano e um governo que deveria levar o país às eleições, mas que adia constantemente os prazos. A última data marcada é para o final de 2023.

No sábado, os manifestantes foram até o palácio presidencial, onde está a sede das autoridades de transição, aos gritos de "um exército, um povo" e exigindo um "governo militar" para retirar o Sudão do bloqueio político e econômico.

A mobilização foi convocada por uma facção sediciosa das Forças pela Liberdade e Mudança (FLC, coalizão civil da "revolução") liderada por dois ex-líderes rebeldes.

O primeiro-ministro Abdallah Hamdok, debilitado por uma tentativa de golpe em 21 de setembro, alerta que essas "profundas divisões" são a "crise mais perigosa" para a transição e que ameaçam o caminho para a democracia.

O anúncio de um protesto indefinido faz temer o ressurgimento da situação, já que as FLC convocaram uma manifestação rival para quinta-feira para exigir a transferência completa dos poderes aos civis.

Os organizadores do protesto pró-militares em frente ao palácio presidencial pediram neste domingo que seus apoiadores saiam em grande número às ruas na mesma quinta-feira, em rejeição a um "golpe militar e a uma ditadura dos civis".

Essas tensões fragilizam ainda mais a transição.

Em 21 de setembro, um golpe de Estado foi frustrado em Cartum e, desde 17 do mesmo mês, manifestantes bloqueiam o maior porto do país, na região de Port Sudan (leste).

A inflação galopante supera 300%, o alto custo de vida e a escassez de infraestruturas são as princiapis causas da indignação neste país, rico em ouro e recursos agrícolas. Dois anos depois da posse do governo de Hamdok, a situação econômica continua terrível.

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