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Líbano: dois anos após a explosão popular, protesto perde fôlego na rua

17/10/2021 15h20

Dois anos depois do início do movimento de protesto contra o poder local, que empurrou dezenas de milhares de pessoas às ruas, os libaneses voltaram a se manifestar neste domingo (17) na capital Beirute. Mesmo se eles ainda exigem a saída da classe política considerada corrupta, não existe mais fervor em suas principais demandas, no momento em que o país afunda na pior crise econômica e política de sua história.

 Noé Pignède, correspondente da RFI em Beirute

Poucos ativistas foram neste domingo (17) às ruas de Beirute para celebrar o que ainda chamam de "a revolução" de 17 de outubro de 2019. Dois anos depois, os libaneses ainda não conseguiram a saída da classe política do poder, e os ânimos parecem se arrefecer.

Mas para Christina, uma das primeiras manifestantes, a luta continua. "Hoje, depois de dois anos, somos menos numerosos", admite ela. "Mas acredito que esse dia ainda é importante. Para mim, a esperança continua, porque a mudança não vai acontecer em dois ou três dias. Ela vai demorar", lembra a libanesa.

"Se desistirmos agora, não teremos mais nada"

Outra manifestante, Lara, também se recusa a desistir. A jovem ainda quer acreditar no despertar da rua no Líbano.

"A revolução já não é o que era, porque a maioria das pessoas não tem mais energia para ir para as ruas. Muitos não têm mais esperança neste país, mas há 1% ou 2% das pessoas que continuam a protestar até hoje e eu sou um deles. Nós esperamos, porque sempre temos esperança. Ainda haverá um longo caminho a percorrer. Não queremos desistir agora, isso é apenas o começo. Se desistirmos agora, não teremos nada", sublinha.

O Líbano, que enfrenta uma crise, assistiu a renovadas tensões intercomunitárias nos últimos dias, com confrontos entre xiitas e cristãos.

De acordo com os manifestantes, a explosão de violência mais uma vez ressalta a necessidade de acabar com o regime sectário no país.

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