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Milhares de manifestantes pró-Exército pedem queda do governo no Sudão

16/10/2021 15h43

Cartum, 16 Out 2021 (AFP) - Milhares de sudaneses exigiram neste sábado (16), em Cartum, a formação de um "governo militar" para garantir a transição para as primeiras eleições depois de 30 anos de ditadura e tirar o país da crise política e econômica.

"É o Exército que irá nos dar o pão", entoaram os manifestantes em frente ao palácio presidencial, que abriga as autoridades de transição, integradas por militares e civis.

"Precisamos de um governo militar, o gabinete atual falhou e apenas o Exército pode nos trazer justiça e igualdade", declarou o manifestante Abud Ahmed, um agricultor.

Outro manifestante, Yahya Mohiedin, agitava uma faixa pedindo "a destituição do governo", dirigido pelo tecnocrata Abdalla Hamdok desde a queda de Omar al-Bashir em 2019.

Nesta sexta-feira (15) à noite, quase um mês depois de uma tentativa fracassada de golpe de Estado, Hamdok denunciou as "profundas divisões" entre civis e militares e dentro de cada um desses dois blocos. Também afirmou que a transição enfrenta sua crise "mais perigosa", que ameaça o caminho para a democracia.

A manifestação antigovernamental deste sábado foi convocada por uma facção das Forças pela Liberdade e Mudança (FLC, coalizão civil da "revolução") liderada por dois ex-líderes rebeldes, incluindo o ministro das Finanças de Hamdok.

Segundo a agência oficial Suna, grupos de manifestantes chegaram à capital em caminhonetes, aos gritos de "Um Exército, um povo".

"Não existe qualquer estabilidade e a vida está muito cara", comentou o agricultor Abud Ahmed, 50 anos, em um dos países mais pobres do mundo, com uma inflação de aproximadamente 400% e medidas de austeridade decretadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os partidários da transferência de poder para os civis consideram que os manifestantes deste sábado são simpatizantes do antigo regime, mobilizados pelos militares, e convocaram "uma manifestação de 1 milhão de pessoas" para a quinta-feira (21).

As autoridades, compostas por militares e civis, deveriam conduzir o país a eleições, mas adiam constantemente o pleito, previsto agora para 2023.

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