Diretor-geral da OMS pede desculpas por abusos sexuais na RDC
Genebra, 28 Set 2021 (AFP) - O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu desculpas pelo comportamento dos funcionários da instituição que abusaram sexualmente de dezenas de pessoas na República Democrática do Congo (RDC) e prometeu punir os culpados.
"A primeira coisa que quero dizer às vítimas e sobreviventes é que sinto muito. Eu sinto muito, sinto muito pelo que foi imposto a vocês por pessoas que foram contratadas pela OMS para servir e proteger", disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, durante uma entrevista coletiva sobre as conclusões de uma comissão de investigação independente.
Além disso, prometeu "graves consequências" para os culpados.
A comissão independente que investiga a violência e os abusos sexuais cometidos por funcionários da OMS na República Democrática do Congo encontrou "falhas estruturais" e "negligência individual" por parte da organização.
Os abusos foram cometidos por funcionários, recrutados localmente e membros internacionais de equipes de luta contra o surto de Ebola na RDC entre 2018 e 2020, dizem os investigadores, que entrevistaram dezenas de mulheres que receberam ofertas de trabalho em troca de sexo ou que foram estupradas.
Em suas observações iniciais, a comissão de inquérito - lançada em outubro de 2020 pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus - mostra um quadro desolador.
Ele observa "a magnitude dos incidentes de exploração e abuso sexual na resposta ao 10º surto de Ebola, todos os quais contribuíram para aumentar a vulnerabilidade das vítimas, que não receberam a ajuda necessária e a assistência que exigiam essas experiências degradantes".
"É uma leitura comovente", disse Tedros, no início da entrevista coletiva.
O chefe da OMS para a África, Matshidiso Moeti, disse que "como chefe da OMS pedimos desculpas pelo que essas pessoas, essas mulheres, essas meninas sofreram" e prometeu levar em consideração as recomendações da comissão.
A comissão constatou também, após a realização de dezenas de entrevistas, "a percepção de impunidade dos funcionários da instituição por parte das supostas vítimas", assim como o fato de que diante das dezenas de vítimas que se manifestaram, houve "uma ausência total de notificação de casos" a nível institucional.
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