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Militantes em vigília à espera do desenlace das eleições na Alemanha

26/09/2021 21h28

Berlim, 27 Set 2021 (AFP) - Eles sonhavam com uma vitória clara do seu líder, mas os simpatizantes de Olaf Scholz continuavam em clima de tensão na noite deste domingo (26), apesar de as pesquisas de boca de urna das legislativas na Alemanha indicarem uma pequena vantagem para o candidato social-democrata.

O clima, que até a última hora da tarde era festivo, ficou tenso repentinamente, após o anúncio dos primeiros resultados.

"Estou surpreso, achava que o SPD [os social-democrata] seria mais forte", admitiu, decepcionado, o afiliado ao SPD Christian Tänzler, de 59 anos, que compareceu à vigília eleitoral organizada pelo partido na casa "Willy Brandt", assim chamada em homenagem ao primeiro chanceler social-democrata alemão (1969-1974).

"Esperava um pouco mais. Estou decepcionada", comentou Suzanne Böltes, de 50 anos. Nas pesquisas prévias às eleições, o SPD tinha uma vantagem clara sobre os conservadores.

Mas para os militantes mais jovens, que só conheceram o SPD em seus momentos menos favoráveis, já que o partido tem estado em queda livre nos últimos anos, os resultados foram um indício do renascimento do partido.

"Depois de 16 anos, a social-democracia talvez volte a ser pela primeira vez a força mais poderosa da Alemanha e isso é motivo para nos alegrarmos", avaliou Sebastian Niestroj, de 26 anos.

Cada nova estimativa confirmava o avanço da centro-esquerda e era recebida com aplausos.

Por volta das 21h locais (16h de Brasília), as pesquisas atribuíam ao SPD entre 24,9% e 25,8% dos votos, e a aliança conservadora formada pela União Democrata-cristã e seus parceiros bávaros da CSU, liderada por Armin Laschet, entre 24,2% e 24,7%.

- Conservadores "arrogantes" -Enquanto isso, na sede dos conservadores, no centro de Berlim, cogitava-se a possibilidade de a CDU ter que deixar o poder após 16 anos.

"O resultado é muito ruim para a CDU, inaceitável", comentou, irritado, Gereon Stieler, de 26 anos.

Assim como Armin Laschet, este militante se negava a admitir a derrota: "a ambição da CDU é sempre estar à frente da chancelaria", reforçou.

O único que parecia satisfazê-lo era que a eventual coalizão dos social-democratas, ecologistas e a esquerda radical parecia descartada devido ao resultado tímido obtido pelo Die Linke, ao qual as pesquisas davam em torno de 5% dos votos.

"Isto teria sido uma catástrofe para a Alemanha, com a volta dos comunistas da antiga Alemanha Oriental!", afirmou o militante de direita.

Outros, ao contrário, preferiam fazer autocrítica. O partido "talvez tenha dado a impressão de ser arrogante demais e que devia conseguir a chancelaria automaticamente", comentou neste sentido Alfons Thesing, de 84 anos.

Ficar na oposição pela primeira vez desde 2005 talvez "não fosse algo ruim" para o partido, afirmou o militante, que no entanto continuava apostando em uma possível aliança CDU/CSU com os liberais do FDP e os ecologistas.

"Eu não duvido que possamos governar com os Verdes. Têm novas e boas ideias. Mas agora, devem fazer concessões, como a CDU, para formar o governo", insistiu.

Tanto os social-democratas quanto os conservadores encaravam uma longa noite eleitoral, pois os resultados demoram a chegar, por causa da apuração dos votos enviados pelo correio, mais numerosos do que de costume.

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