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Alemanha: disputa por sucessor de Merkel será acirrada em eleições legislativas de domingo

24/09/2021 06h20

A Alemanha vai às urnas neste domingo (26) para decidir a sucessão da chanceler Angela Merkel. A líder alemã, que governou o país por 16 anos, não concorre dessa vez. Os dois principais candidatos chegam à reta final com uma diferença de três pontos percentuais nas pesquisas de intenção de voto.

Marcio Damasceno, correspondente da RFI em Berlim

A campanha eleitoral das eleições legislativas na Alemanha chega à reta final sem um favorito. Os analistas afirmam que a disputa vem sendo como uma montanha-russa, com muitos altos e baixos e trocas de posições entre os principais partidos nas sondagens de intenção de voto. Três partidos já estiveram na liderança das pesquisas nesse ano.

Em fevereiro, os conservadores de Merkel lideravam com folga com 36% das intenções de voto. Depois, em abril, foi a vez de os verdes assumirem a dianteira, impulsionados pelas preocupações com as mudanças climáticas e favorecidos pela queda dos conservadores - fruto, entre outras coisas, da luta interna do partido de Merkel que culminou com a nomeação do impopular Armin Laschet como candidato à sucessão da chanceler.

Mas uma série de erros de campanha, como acusações de plágio num livro da candidata verde, Annalena Baerbock, fez com que os ambientalistas caíssem novamente no gosto do eleitorado. Em agosto, os social-democratas passaram à frente nas sondagens.

Desde então, o Partido Social-Democrata (SPD) mantém a liderança, com seu candidato, o vice-chanceler e ministro das Finanças, Olaf Scholz, tendo as melhores chances de vitória. Mas a diferença para o segundo colocado é de apenas três pontos percentuais, de acordo com os últimos levantamentos.

Scholz chega na reta final com em torno de 25%, praticamente empatado com o candidato de Merkel, o conservador Armin Laschet, que obteve 22% nas últimas pesquisas. Mas, às vésperas da eleição, entre 35% e 40% dos eleitores dizem não saber se vão votar e, se forem, quem vão escolher. Por isso, tudo pode acontecer. 

Alemães não querem mudança

Os analistas enumeram uma série de fatores para tentar explicar essa relativa pulverização dos votos. Uma das razões é que a líder política mais popular da Alemanha não está concorrendo. Angela Merkel deixa o cargo com 80% de aprovação. Isso parece ser prova de que o eleitorado alemão não está muito disposto a mudança e anseia por estabilidade.

E quem aparentemente tem conseguido transmitir ao eleitorado uma sensação de estabilidade, incorporando a imagem de uma nova Merkel, é exatamente o candidato social-democrata Olaf Scholz - e não o representante do partido da própria Merkel, Armin Laschet.

Com um estilo moderado, sem muitos arroubos, Scholz vem tendo crescimento constante em termos de popularidade. Ele também vem se destacando por ser o candidato a chanceler que tem cometido menos erros que os rivais.

Em contraste, seu principal rival, Laschet, teve uma prévia partidária conturbada ao ser nomeado candidato e viu sua popularidade cair vertiginosamente após ser fotografado às gargalhadas durante um ato de solidariedade às vítimas das trágicas cheias de julho ocorridas no oeste da Alemanha.

Segundo as pesquisas, se os alemães pudessem eleger diretamente o chefe de governo, Scholz ganharia com folga. Mas como o chanceler é escolhido pelos partidos que elegem mais deputados, e nesse aspecto a campanha está embolada, ainda é bem possível que Laschet consiga votos suficientes para formar uma coalizão que o nomeie chanceler.

Grande coalizão?

Um dos cenários possíveis, entre muitos outros é que o próximo governo seja formado pela mesma coalizão que sustenta o atual governo Merkel, com conservadores e social-democratas. Mas esta chamada "grande coalizão" unindo os maiores rivais do cenário político da Alemanha, é sempre tida como uma última opção no país.

Como a campanha tem mostrado haver uma diferença relativamente pequena de intenções de voto entre os partidos, há muitas constelações possíveis, incluindo alianças de três legendas, que tendem a ser menos estáveis. Mas isso vai depender dos resultados das urnas, porque a eleição só vai ser decidida mesmo na votação deste domingo.

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