Relatório pede novo contrato social para reduzir desigualdades
Nova York, 23 Set 2021 (AFP) - A covid-19 exacerbou as desigualdades no mundo, atacando os mais pobres e as minorias, alerta um relatório do Instituto Pathfinder, da Universidade de Nova York, divulgado nesta quinta-feira (23), que pede um novo contrato social.
A principal prova é que há 120 milhões a mais de pessoas vivendo em pobreza extrema e 114 milhões que perderam o emprego, enquanto nos 18 meses da pandemia a fortuna dos bilionários passou de 8 bilhões para 13 bilhões de dólares.
Faiza Shaheen, autora principal do estudo "Da retórica à ação: tornando a igualdade e a inclusão possíveis", garante que "cada vez mais pessoas em todo o mundo estão levantando desesperadamente suas vozes para tentar mudar a situação e melhorar suas vidas".
"Do movimento 'Black Lives Matter' aos colombianos que protestam contra os aumentos de impostos, os crescentes clamores por igualdade e justiça e a lamentável necessidade de uma nova relação entre o Estado e os cidadãos tornou-se estrondosa", ressalta.
O relatório Pathfinder, que consiste em uma pesquisa realizada com 17 mil pessoas em oito países, conclui que 80% dos participantes acreditam que a situação continuará igual ou piorará, o que vai causar maior "instabilidade, injustiça e violência".
As divisões de renda, identidade, política ou vacinação são as principais causas das rachaduras na sociedade. "Pessoas em todo o mundo clamam por novas formas de contratos sociais para curar o mundo dividido", dizem os autores.
"A desigualdade e a exclusão não são inevitáveis", e cita o exemplo do Botswana e da Irlanda, que alcançaram períodos de elevado nível de crescimento inclusivo.
Mais habitação social, melhores salários e maior solidariedade, assim como reformas de instituições como a polícia, a justiça, o empoderamento da sociedade e o combate à corrupção são as fórmulas para melhorar a inclusão.
O estudo pede um esforço para aqueles que viram sua renda aumentar durante a pandemia. É citado também o caso de Serra Leoa, que, após a guerra civil de 2002, perseguiu políticas inclusivas e sociais.
Em contraste, o Brasil registrou um "progresso impressionante" na redução da desigualdade, mas "falhou em construir solidariedade e medidas anticorrupção para sustentar o progresso".
Como solução para esse diagnóstico, propõe uma lista com mais de 20 áreas que os países podem adaptar às suas realidades e pede que os políticos resolvam não só as desigualdades sociais, mas de gênero e minorias, e, acima de tudo, ouçam as preocupações das pessoas.
O relatório foi divulgado à margem da Assembleia Geral da ONU realizada esta semana em Nova York.
af/dga/ap/mvv
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