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Itália absolve político e policiais no caso 'Estado-Máfia'

23/09/2021 13h40

PALERMO, 23 SET (ANSA) - Um tribunal de segunda instância de Palermo, sul da Itália, absolveu nesta quinta-feira (23) quatro pessoas que haviam sido condenadas em primeiro grau por supostas relações entre o Estado e a Máfia, em um dos processos mais aguardados do país nos últimos anos.   

Os quatro absolvidos são o ex-senador Marcello Dell'Utri, um dos aliados mais próximos do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e que havia sido condenado em abril de 2018 a 12 anos de cadeia; os ex-comandantes da Arma dos Carabineiros Mario Mori e Antonio Subranni (12 anos) e o ex-coronel Giuseppe De Donno (oito anos).   

Além disso, o tribunal reduziu de 28 para 27 anos de prisão a sentença contra o ex-expoente da Cosa Nostra Leoluca Bagarella.   

O único réu que manteve a condenação inalterada é o mafioso Antonino Cinà (12 anos de cadeia), antigo médico de confiança de Salvatore "Totò" Riina (1930-2017), o "chefe dos chefes" da Cosa Nostra.   

O sétimo réu condenado em 2018, o delator Massimo Ciancimino (oito anos), foi beneficiado pela prescrição ainda antes da conclusão do processo em segunda instância. Ainda cabe recurso à Corte de Cassação, última instância da Justiça italiana.   

O crime imputado aos réus era de "ameaça a corpo político do Estado", com exceção de Ciancimino, que havia sido condenado por associação mafiosa e calúnia.   

Processo - O caso "Estado-Máfia" investigou as negociações entre o poder público e a Cosa Nostra para interromper os atentados terroristas que a organização realizava nas principais cidades da Itália na primeira metade da década de 1990.   

Entre os ataques mais famosos cometidos pela Cosa Nostra naquele período estão os que vitimaram os juízes antimáfia Giovanni Falcone (23 de maio de 1992) e Paolo Borsellino (19 de julho de 1992), ambos na Sicília.   

Segundo a acusação, políticos e carabineiros ofereceram relaxamento no regime prisional de mafiosos em troca do fim dos atentados. Um dos indícios usados pelo Ministério Público é a não renovação do "41 bis", regime que mantém o detento em isolamento constante, para cerca de 300 pessoas condenadas por ligação com a Cosa Nostra.   

"Homens das instituições e aparatos institucionais desviados do Estado estabeleceram uma ilícita e ilegítima interlocução com expoentes da cúpula da Cosa Nostra para interromper a estratégia de atentados", sustentou a acusação durante o processo em segunda instância.   

As negociações, de acordo com o Ministério Público, eram coordenadas pelos carabineiros Mario Mori, Antonio Subranni e Giuseppe De Donno, mas Dell'Utri teria feito a ponte com as instituições. Na época ele era braço-direito de Berlusconi, que se elegeria premiê pela primeira vez em 1994.   

O tribunal de segunda instância divulgará as motivações da sentença desta quinta-feira em até 90 dias. (ANSA).   

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