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Coreia do Sul lança seu primeiro míssil balístico de um submarino

15/09/2021 21h58

Seul, 16 Set 2021 (AFP) - A Coreia do Sul lançou com sucesso nesta quarta-feira (15) um míssil balístico a partir de um submarino, o que a transforma no sétimo país do mundo a possuir esta tecnologia avançada e provoca perguntas sobre uma corrida armamentista na região.

Supervisionado pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, o teste aconteceu poucas horas depois de a vizinha Coreia do Norte, que possui armamento nuclear, lançar dois mísseis balísticos no mar, conforme o Exército da Coreia do Sul.

Seul avançou em sua capacidade militar para contra-atacar a ameaça representada pela vizinha do Norte, que está sob sanções internacionais por seus programas de armas nucleares e mísseis balísticos.

O míssil sul-coreano foi lançado do novo submarino "Ahn Chang-ho" e percorreu a distância esperada até atingir o alvo, informou o governo.

A nova arma "desempenhará um papel muito importante para a defesa nacional autossuficiente e o estabelecimento da paz na península coreana", completou o Executivo de Seul.

Todos os países com capacidade para lançar mísseis balísticos de um submarino têm armas nucleares.

O Conselho de Segurança da ONU se reuniu emergencialmente nesta quarta a portas fechadas para estudar a situação e manifestou preocupação com essa "grande ameaça" à paz, segundo o embaixador da França na ONU, Nicolas de Rivière.

Poucas horas depois do teste, Kim Yo-jong, a influente irmã do líder norte-coreano, Kim Jong-un, acusou o presidente Moon de "calúnia".

Seul tem uma "atitude ilógica que descreve seu comportamento como uma ação legítima de apoio à paz, e a nossa, como uma ameaça à paz", criticou ela, em um comunicado divulgado pela agência oficial de notícias norte-coreana KCNA.

Algumas horas antes do anúncio de Seul, a Coreia do Norte lançou "dois mísseis balísticos de curto alcance", da costa da província de Pyongang para o mar, informa um comunicado divulgado pelo Exército da Coreia do Sul.

Os mísseis percorreram quase 800 quilômetros e alcançaram altitude máxima de 60 quilômetros.

Nesta quinta-feira (16), a agência KCNA indicou que os projéteis foram lançados de um trem, com o objectivo de aumentar "a capacidade de lançar um ataque simultâneo intensivo contra as forças que nos ameaçam".

O ministro da Defesa do Japão, Nobuo Kishi, acredita que os mísseis caíram em águas da zona econômica exclusiva de seu país.

O novo lançamento coincidiu com a chegada a Seul do ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, aliado diplomático chave e principal apoio comercial e humanitário da Coreia do Norte.

Ao falar com a imprensa antes do anúncio do teste, o ministro Wang Yi desejou que todos os países ajudem a obter "paz e estabilidade na península da Coreia", afirmou a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

"Não apenas o Norte, por exemplo, outros países também estão envolvidos em atividades militares", completou.

"Mas todos temos que trabalhar juntos para a retomada do diálogo", acrescentou.

- Sinal para a China -Na segunda-feira (13), a KCNA anunciou testes bem-sucedidos, no fim de semana, de um novo modelo de "míssil de cruzeiro de longa distância".

Analistas disseram que esta arma representa um avanço importante na tecnologia bélica norte-coreana. Com isso, aumenta-se sua capacidade de evitar os sistemas de defesa, ao lançar ogivas na direção da Coreia do Sul, ou do Japão.

Ainda de acordo com analistas, os disparos da Coreia do Norte são um sinal claro para a China, país com o qual tem uma relação às vezes complexa.

Kim Jong-un não visita a China há mais de seis anos, desde que chegou ao poder como sucessor do pai, Kim Jong-il.

Diversas vezes, porém, já se reuniu com o presidente chinês, Xi Jinping, e Pequim considera Pyongyang sob sua esfera de influência.

Ao mesmo tempo, Estados Unidos e Coreia do Sul são aliados, segundo um tratado, e 28.500 soldados americanos estão mobilizados no país asiático para defendê-lo do vizinho desde a guerra entre as Coreias (1950-1953).

As sanções internacionais contra a Coreia do Norte, que afirma necessitar do armamento nuclear para evitar uma invasão americana, não impedem o desenvolvimento de mísseis de cruzeiro.

As negociações entre os dois países estão paralisadas desde o fracasso da reunião de cúpula de 2019, em Hanoi, entre Kim Jong-un e o então presidente Donald Trump.

Os enviados para a Coreia do Norte de Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul se reuniram em Tóquio no início da semana.

O representante americano para o tema, Sung Kim, reiterou que Washington acredita que Pyongyang "responderá de maneira positiva às nossas múltiplas ofertas para uma reunião sem condições".

Sob o mandato de Kim, o Norte acelerou a evolução armamentista. Desde 2017, porém, não executou um único teste nuclear, nem lançou míssil balístico intercontinental.

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