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França repercute "tragédia anunciada" de incêndio na Cinemateca em São Paulo

30/07/2021 14h24

O incêndio no galpão da Cinemateca da Vila Leopoldina, em São Paulo, nesta quinta-feira (29), que devastou mais de 2 mil cópias de filmes brasileiros, foi repercutido nesta sexta-feira (30) na França por veículos de imprensa como o jornal Le Figaro, a revista L'Express e o icônico Instituto Lumière, instituição francesa com sede em Lyon, destinada à promoção e preservação do patrimônio do cinema francês, e da herança dos irmãos Lumière para a sétima arte.

O incêndio no galpão da Cinemateca da Vila Leopoldina, em São Paulo, nesta quinta-feira (29), que devastou mais de 2 mil cópias de filmes brasileiros, foi repercutido nesta sexta-feira (30) na França por veículos de imprensa como o jornal Le Figaro, a revista L'Express e o icônico Instituto Lumière, instituição francesa com sede em Lyon, destinada à promoção e preservação do patrimônio do cinema francês, e da herança dos irmãos Lumière para a sétima arte.

O Institut Lumière deplorou o incêndio no galpão da Cinemateca Brasileira em resposta à denúncia feita no Twitter pelo cineasta brasileiro Kléber Mendonça Filho, que foi um dos jurados do Festival de Cannes de 2021.

"Nesta noite, 2.000 cópias de filmes desapareceram em um incêndio em um depósito da Cinemateca Brasileira em São Paulo. O Instituto Lumière dá todo o apoio às suas equipes diante desse novo símbolo trágico da desastrosa política cultural realizada no Brasil", diz o texto.

Voz brasileira com eco no cinema mundial, Kléber Mendonça Filho havia tuitado criticamente o incêndio, lembrando que ele mesmo havia alertado para o descaso com a Cinemateca Brasileira durante a coletiva de imprensa com os jurados do Festival de Cannes em 2021. "Depois do incêndio no Museu Nacional e várias ligações pedindo ajuda da comunidade cinematográfica (20 dias atrás eu abordei o assunto em Cannes), nada foi feito. Nem parece um acidente", afirmou.

O site da revista francesa L'Express reporta "um incidente considerado pelos cineastas como uma 'tragédia anunciada', denunciado como um dos erros da política cultural do governo Bolsonaro". "Cineastas, artistas e funcionários denunciam há meses uma política de "desmantelamento" da Cinemateca por parte do governo do presidente de extrema direita, Jair Bolsonaro", aponta a revista, que vai além: "Em julho de 2020, o Ministério Público de São Paulo impetrou ação judicial contra o governo federal por 'abandono' da Cinemateca, questionando a retenção de recursos e a ausência de gestor (...). No mês seguinte, a instituição deixou de funcionar e 41 funcionários se demitiram", contextualiza.

Para o jornal francês Le Figaro, "o mundo da cultura brasileira se emocionou na quinta-feira com uma 'tragédia anunciada', denunciando a falta de recursos destinados a esta instituição cultural, fundada em 1940". "Em abril deste ano, um 'Manifesto dos trabalhadores da Cinemateca Brasileira' alertou para o 'risco de incêndio', devido à falta de cuidado com "o material, os equipamentos, as bases de dados e as edificações", publica o jornal francês.

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