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Julgamento na França chama atenção para fenômeno de assédio virtual em grupo

21/06/2021 19h44

Paris, 21 Jun 2021 (AFP) - Um grupo de jovens está sendo julgado em Paris por ter perseguido virtualmente ou ameaçado de morte uma adolescente, Mila, que publicou vídeos polêmicos sobre o Islã, e informou não ter conhecimento de ter participado de uma "caçada" digital.

Treze acusados, entre 18 e 30 anos, a maioria sem antecedentes judiciais, compareceram nesta segunda-feira (21) a um tribunal penal da capital francesa para responder por assédio, em alguns casos acompanhado de ameaças, cujo andamento irá até terça-feira.

O caso remonta a janeiro de 2020, quando Mila, uma francesa de 16 anos, postou um vídeo que se tornou viral no qual chamava o Islã de religião "de merda" e criticava fortemente o Alcorão.

De acordo com seu advogado, ela recebeu mais de 100.000 mensagens de ódio e ameaças de morte desde que publicou o vídeo, motivo pelo qual foi colocada sob proteção policial. Em meados de novembro, ela postou outro vídeo em que atacava seus detratores diretamente.

Como resultado das mensagens e ameaças, a jovem foi obrigada a deixar a escola e, desde então, está fora do ambiente escolar porque nenhum local a aceita como nova aluna.

Um dos acusados, um estudante de inglês de 21 anos, tuitou em 16 de novembro: "Alguém abra seu crânio, por favor".

"Cansei de ver o nome dela o tempo todo na minha linha do tempo, embora ela não me interesse", justificou-se.

"Na época, eu não sabia que [Mila] estava sendo assediada. Foi estúpido e eu deveria ter pensado nisso", disse ele.

Outro acusado, de 22 anos, tuitou em novembro: "Você merece que te degolem, sua puta suja", e comentou ter reagido "de forma raivosa".

"Você sempre tem que pensar duas vezes antes de tuitar", admitiu, se desculpando à jovem no tribunal.

Enquanto isso, Mila, presente na sala, não escondia sua irritação. Quando chegou sua vez, ela denunciou que esses ataques verbais eram "totalmente injustificáveis" e se recusou a pedir desculpas aos autores dos comentários.

"Não ameacei matar alguém porque me falam algo de que não gosto", declarou. "Nada pode desculpar palavras tão criminosas e monstruosas", acrescentou.

Por sua vez, o presidente do tribunal lançou a reflexão: "Somos ao menos responsáveis por algo que fizemos sem pensar?".

Os acusados podem ser condenados a até três anos de prisão e a uma multa de EUR 45.000.

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