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Estruturar alternativa para a Nova Rota da Seda é vital para EUA enfrentarem a China

21/06/2021 08h57

Joe Biden conseguiu exatamente o que esperava após sua turnê pela Europa. Aproveitou o fato de voltar a ter contato cara-a-cara e praticou diplomacia no estado mais clássico e puro. Até o momento, a visita à Europa foi o grande trunfo de Biden desde que assumiu a presidência americana em Janeiro.

Como já sabemos, os dois pilares internacionais são clima e China. Não necessariamente nessa ordem, já que a importância de um tema sobre o outro varia e, algumas vezes, se misturam.

Biden se mostrou preocupado com o futuro econômico da Europa, não apenas pela sustentabilidade da própria União Europeia, mas também visando a capacidade da Europa ser um parceiro confiável financeiramente no médio e longo prazo para contrapor o despejo de dinheiro feito pela China em países estratégicos de terceiro mundo ao longo da última década.

Pela primeira vez, um presidente americano ousou apresentar uma estratégia contra a Rota da Seda chinesa, entendendo que esse projeto catapultou as relações bilaterais da China com dezenas de países de um estado básico para preferencial.

China, ponto central da política externa americana

Desde o fim da Guerra Fria, os EUA não enfrentaram inimigos com maior capacidade de gasto do que si. Isso sempre colocou os EUA em condição de vantagem, mesmo enfrentando inimigos complexos e resilientes como o Talibã, Al-Qaeda e o grupo Estado Islâmico. A China é o inimigo que, mesmo ainda não declarado, se tornou o ponto central da política externa americana em diversas categorias, ângulos e geografias.

Trump não percebeu a dificuldade que um embate com a China representava, apesar de, intuitivamente, ter pavimentado o caminho para que Biden pudesse sofisticar o esboço de estratégia trumpista.

O ponto central, que era angariar aliados, parece estar no caminho de ser solucionado, uma vez que Biden deixa a Europa com seus principais líderes felizes e satisfeitos em se colocar sob a liderança do presidente americano.

Tendo já "no bolso", o Japão, Coréia do Sul, Índia e os anglófilos, Biden conclui a primeira etapa da sua estratégia contra a China antes do fim do primeiro semestre de seu mandato: angariar, convencer e unificar aliados.

Nova etapa para Biden

A etapa seguinte será infinitamente mais complexa. Se o mecanismo de confrontação com a China na busca pela neutralização de sua estratégia global será investimentos, Biden precisará convencer seus eleitores e Congresso a gastar dinheiro em projetos, obras de infraestrutura e apoio para países distantes que a maioria dos americanos não sabe apontar no mapa suas localizações.

Não só isso, mas Biden precisará oferecer a narrativa para Boris Johnson, Angela Merkel, Ursula Van der Leyen entre outros, a convencer seus próprios cidadãos de que gastar dinheiro para conter a China vale mais a pena do que gastar em seus próprios países. Em um momento onde o mundo se estrutura para sair da recessão e da ressaca do Covid, essa tarefa não será fácil.

Montar o B3W (Build Back Better World), a alternativa para a Nova Rota da Seda, implica em organizar financiamento de múltiplas fontes além de um processo de implementação dessas linhas de crédito com a menor burocracia possível.

Afinal, a vantagem da China não se encontra apenas no financiamento, mas na facilidade com o qual Pequim acerta empréstimos por meio de pagamentos não-ortodoxos. Caso Biden feche o ano de 2021 com o B3W estruturado financeiramente e burocraticamente, o ano de 2022 será vital para que os EUA consigam confrontar a China com algo mais sólido do que narrativas e sanções.

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