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Tribunal de Hong Kong recusa liberação de executivos de jornal pró-democracia

19/06/2021 06h34

Um tribunal de Hong Kong recusou neste sábado (19) a liberação sob pagamento de fiança de dois responsáveis do jornal pró-democracia Apple Daily. Esta é a primeira vez que Pequim ataca diretamente um veículo de comunicação após a promulgação da Lei de Segurança nacional.

O editor chefe Ryan Laz e o diretor geral Cheung Kim Hung são acusados de "conluio com um país estrangeiro ou com elementos externos que colocam em risco a segurança nacional", por terem publicado uma série de artigos críticos a Pequim.

Os executivos continuarão detidos até a próxima convocação diante do tribunal prevista para 13 de agosto. A procuradoria declarou que a polícia precisava de tempo para examinar mais de 40 computadores e 16 servidores apreendidos na redação.

Mais de 500 policiais participaram da busca e apreensão na quinta-feira (17) na sede do jornal e levaram computadores, discos rígidos e blocos de notas de jornalistas. Cinco responsáveis foram presos. Laz et Kim Hung permaneceram detidos, enquanto três vão esperar em liberdade pelas investigações suplementares.

Antecedentes

Esta é a primeira vez que opiniões políticas publicadas pela imprensa de Hong Kong geram ações judiciais depois da entrada em vigor da controvertida lei de Segurança Nacional imposta pela China em 2020 para controlar a oposição a Pequim na antiga colônia britânica.

O jornal e seu proprietário, o milhonário Jimmy Lai, atualmente na prisão, apoiam o movimento pró-democracia e criticam abertamente os dirigentes chineses.

"Nós continuaremos a publicar nosso jornal amanhã", declarou a editora chefe adjunta Chan Pui Man diante do tribunal. Ela foi liberada na sexta-feira a noite após pagamento de fiança.

Dezenas de pessoas, entre elas empregados do jornal, fizeram fila no tribunal na manhã de sábado para tentar assistir a audiência e apoiar os jornalistas.

Diversos veículos de comunicação internacional instalaram suas bases na Ásia em Hong Kong, atraídos por uma regulamentação favorável às empresas e pelas cláusulas sobre a liberdade de expressão inscritas na Constituição.

Mas muitos saíram do território ou planejam se retirar, após a repressão de Pequim à dissidência em Hong Kong. A situação é ainda pior para as mídias locais. Associações de jornalistas afirmam que os repórteres recorrem cada vez mais à autocensura.  

(Com informações da AFP)

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