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Presidente do Peru rejeita carta de militares sugerindo golpe de Estado

19/06/2021 02h58

Lima, 18 jun (EFE).- O presidente interino do Peru, Francisco Sagasti, classificou nesta sexta-feira como "inaceitável" a carta de um grupo de oficiais militares aposentados que pediu ao alto comando das Forças Armadas para não reconhecer Pedro Castillo como presidente eleito, sugerindo um golpe de Estado.

Em uma mensagem exibida em cadeia nacional de televisão junto com a primeira-ministra, Violeta Bermúdez, e a ministra da Defesa, Nuria Esparch, Sagasti anunciou que a carta, que foi divulgada na noite desta quinta-feira, foi enviada à Procuradoria Geral da República para que eles possam prosseguir com as investigações que considerarem apropriadas.

"É inaceitável que um grupo de membros aposentados das Forças Armadas tente incitar oficiais superiores a violar o Estado de Direito. Rejeito esse tipo de comunicações que não só são contrárias aos valores e à institucionalidade democrática, mas também são atos contra a Constituição e as leis", bradou Sagasti.

Com 100% das urnas apuradas, Castillo venceu, com 50,125% dos votos, a direitista Keiko Fujimori, que obteve 49,875%. Contudo, o representante do partido Peru Livre ainda não foi proclamado presidente eleito devido a uma série de recursos interpostos pela concorrente.

"Em uma democracia, as Forças Armadas não são deliberativas, são absolutamente neutras e escrupulosamente respeitosas da Constituição. Custou-nos muito tempo e esforço para construir nossa institucionalidade democrática ao longo de nossos turbulentos 200 anos de vida republicana. Não vamos colocá-lo em risco", frisou o presidente interino.

"Como chefe supremo das Forças Armadas e da Polícia Nacional, garanto neutralidade e exijo que ela seja respeitada. Convoco os cidadãos a permanecerem calmos e serenos nestes tempos difíceis que estamos vivendo alguns dias antes do bicentenário de nossa independência", finalizou.

LONGA LISTA E PEDIDO ILEGAL DE NOVAS ELEIÇÕES.

A carta dos soldados aposentados foi endereçada ao chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas e aos generais de comando do Exército, da Marinha e da Força Aérea.

Segundo Sagasti, o documento tinha apenas uma assinatura, seguida por uma lista de nomes supostamente apoiando a comunicação, embora vários deles fossem ex-militares mortos, de acordo com a imprensa local.

A carta convoca a hierarquia militar a não reconhecer a vitória eleitoral de Pedro Castillo devido às acusações de fraude sistemática feitas por Keiko e sua equipe, embora prova alguma tenha sido apresentada.

"Teríamos um presidente ilegal e ilegitimamente proclamado", diz a carta, que também aconselha que o Congresso deveria ser chamado "a fornecer uma solução democrática".

A mesma tese é mantida pelo congressista eleito Jorge Montoya, do partido ultraconservador Renovação Popular. Ele é um almirante aposentado da Marinha, que sugeriu esta semana que o novo Congresso, que toma posse em 28 de julho, deveria convocar novas eleições se um novo presidente não tiver sido proclamado até aquela data. A sugestão é ilegal e não é apoiada por lei alguma.

Se isso acontecesse, esse oficial militar aposentado assumiria pelo menos temporariamente o papel de presidente interino, já que foi o parlamentar mais votado.

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