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Conheça a "Rikudei Am" dança folclórica que tornou brasileiro referência em Israel

19/06/2021 05h15

Um brasileiro está se destacando, em Israel, como um dos mais atuantes coreógrafos e professores de dança folclórica israelense no país. O administrador de empresas e gestor de projetos André Luiz Schor, conhecido como Louis, tem 34 anos e nasceu no Rio de Janeiro. Desde criança, ele se apaixonou por "Rikudei Am", as Danças do Povo, como é chamada a dança folclórica israelense bastante popular em escolas e organizações judaicas por todo o mundo.

Daniela Kresch, correspondente da RFI em Israel

Aos poucos, André Luiz foi se estabelecendo como um grande coreógrafo e produtor de eventos no Rio. Há quatro anos, quando decidiu imigrar para Israel, foi convidado para retomar sua paixão na própria "meca" da dança israelense.

Ele começou como professor de crianças e idosos, mas aos poucos passou a conduzir rodas de dança em clubes e outros locais públicos. Até que foi convidado por um dos principais coreógrafos de Israel, Shlomo Maman, para dirigir com ele a tradicional roda de dança dos sábados na praia de Tel Aviv, com a presença de 350 a 500 pessoas, entre elas muitos brasileiros.

"Para mim foi um orgulho", conta André. "Primeiro, estar ao lado de uma pessoa tão importante da dança, fazer o que eu gosto e num lugar que é nada mais, nada menos do que a praia de Tel Aviv, que faz, para mim, uma referência à praia de Copacabana, onde eu vivi até vir morar em Israel. E sempre tem um grande grupo de brasileiros que moram aqui, são amigos próximos, que vão sempre lá para prestigiar".

Os "Rikudei Am", as Danças do Povo, são uma tradição, em Israel, desde antes da criação do país, em 1948. A população judaica da Palestina pré-Estado de Israel já praticava a Hora, um tipo de dança de roda muito comum em casamentos e bar-mitzvas, sob influência de estilos europeus como a Polca.

Aos poucos, outras influências foram transformando esse estilo de dança folclórica, que passou a ter coreografias específicas de acordo com a música. Atualmente, os participantes dançam em roda, em pares ou em fileiras ao som de uma grande gama de canções, desde as mais antigas até músicas de cantores israelenses atuais.

Estima-se que mais de 300 mil israelenses pratiquem esse tipo de dança, mas os números aumentam muito quando se incluem as comunidades judaicas pelo mundo. No Brasil, por exemplo, essas danças são ensinadas em escolas, clubes e movimentos juvenis judaicos.

Influência europeia e árabe

"A dança israelense tem uma gigante influência de países europeus e árabes", explica André Schor. "Na verdade, Israel é um país com uma mistura de pessoas morando aqui. Você tem um pouco de influência latina em muitos momentos, influência russa, influência romena, influência dos judeus mais ortodoxos. Então, a gente tem um grande mix de música e de estilos e usamos isso para fazer a dança. O folclore israelense ainda está em construção porque Israel tem menos de 100 anos, tem 73 anos, e gente está aprendendo e absorvendo cada vez mais dos povos que vêm para cá".

Além de ensinar danças, dar cursos e comandar esses encontros em locais públicos, André Luiz Schor também faz novas coreografias. Ele já criou oito danças inéditas, que são ensinadas em todo o mundo.

O processo de criação das danças é controlado pela Associação de Professores e Coreógrafos de Dança Israelense. Cada coreógrafo precisa pedir permissão para bolar os passos de uma música e, depois, registrar a dança pronta para que ela possa ser ensinada de forma consistente em todo o mundo.

No final das contas, quem participa de uma roda de dança israelense em Israel, no Brasil, nos Estados Unidos ou na França vai dançar sempre os mesmos passos de uma mesma música. André Luiz Schor explica:

"Cada música só pode ter uma dança e essa dança é ensinada tanto aqui em Israel quanto no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa, onde for. É sempre a mesma dança que é ensinada. Ontem, recebi um vídeo de uma coreografia que eu criei de uma pessoa de Paris, ou seja, recebi um vídeo de Paris de uma dança que eu criei e ensinei de forma inédita no Brasil. Eu, morando em Israel, ensinei no Brasil e ela se dança em Paris".

O sucesso de André em Israel, no entanto, foi interrompido pela pandemia de Covid-19, em março de 2020. Todos os cursos, aulas e rodas de dança foram suspensos de uma hora para a outra, levando André a uma crise profissional e financeira.

Sem possibilidade de trabalhar, ele decidiu voltar a estudar gestão de projetos de Tecnologia da Informação para trabalhar em sua profissão. Deu certo. Mas, desde março, Israel começou a reabrir a economia após uma campanha de sucesso de vacinação em massa contra o coronavírus que já alcançou 80% dos adultos do país.

Os eventos públicos com presença de centenas e até milhares de pessoas, foram liberados por causa da queda drástica do número de infectados e mortos. Desde esta quarta-feira, 16 de junho, nem é mais necessário usar máscaras, tanto em locais abertos quanto fechados. O resultado é que André, hoje, combina sua profissão em alta tecnologia com a paixão pela dança.

"Hoje, eu consigo juntar a minha paixão, que é a dança, ao meu trabalho em escritório na área de tecnologia. Um outro sonho que eu tenho é poder ter uma sessão só minha, grande, que eu possa ser mais conhecido como o brasileiro que veio para Israel, entrou nesse mundo da dança e teve sucesso, com seu nome conhecido. Sim, muitos me conhecem, mas meu objetivo é ser cada vez mais", afirma André.

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