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Americanos celebram "Juneteenth", festa que lembra fim da escravidão no país

19/06/2021 06h29

A data, comemorada neste sábado (19), é celebrada pela primeira vez como festa nacional. Na última quarta-feira (16), o Congresso americano adotou o texto por 415 votos contra 14, com o apoio dos líderes democratas e republicanos, depois dele ser adotado por unanimidade no Senado. A lei agora deve ser promulgada em breve pelo presidente Joe Biden..

Loubna Anaki, correspondente da RFI em Nova York

No bairro nova-iorquino do Harlem, "Juneteenth", contração das palavras junho e 19 em inglês, é uma data comemorada todos os anos. É a ocasião para encontrar a família, dançar, comer e homenagear a história do povo negro nos Estados Unidos. Este ano, a celebração teve um gosto diferente, já que a data agora é oficialmente feriado e festa nacional. 

"É uma decisão que já deveria ter sido tomada há muito tempo", diz um habitante do bairro. "As pessoas reconhecem enfim esse evento, que a comunidade negra festeja há anos", ressalta outra jovem ouvida pela reportagem da RFI. "Talvez agora o resto do país sabe e talvez alguns saberão enfim o que esse dia representa de fato", acrescenta. "Juneteenth" marca o fim efetivo da escravidão em 1865, dois anos e meio após sua abolição por Abraham Lincoln. Na época, por conta da Guerra da Secessão, a notícia demorou dois anos e meio para chegar à pequena cidade de Galveston, no Texas, e se espalhar pelos estados confederados do sul.

O "Juneteenth" já era feriado em alguns estados do país. Desde o assassinato de George Floyd, os pedidos para aprovar o projeto de lei cresceram no país. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e o senador Chuck Schumer participaram das celebrações no parque de Harlem. Eles reafirmaram o compromisso pela luta contra o racismo e a proteção dos direitos cívicos.

Gestos simbólicos

Apesar do clima de festa, muitos afro-americanos estimam, entretanto, que são necessários "mais gestos simbólicos". Isso porque o direito de voto das minorias é alvo de ameaças em alguns estados dirigidos por representantes republicanos, como é o caso da Georgia. Mais de 250 projetos de lei estão sendo examinados, que dificultariam o voto por correspondência, o que teria consequência na participação do dos eleitores hispânicos e afro-americanos nos pleitos futuros. 

Um estudo publicado em 2020 pelo Brennan Center for Justice, uma organização de defesa dos direitos humanos, mostrou que eles esperam em média 46% e 45% a mais tempo para votar do que os eleitores brancos. O motivo é a falta de um número adequado de locais de voto que concentrem sua inscrições. "Temos que continuar nossa luta", diz outra nova-iorquina entrevistada pela RFI. Não podemos nos contentar com essa pequena vitória. É preciso continuar para obter aquilo que merecemos e preservar nossos direitos de voto em todos os lugares", declara.

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