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Dois iemenitas que nunca foram condenados são libertados de Guantánamo após 17 anos

18/06/2021 14h31

Washington, 18 Jun 2021 (AFP) - Dois iemenitas que estiveram presos por 17 anos na prisão militar americana na baía cubana de Guantánamo como supostos apoiadores do Al-Qaeda obtiveram a ordem de sua libertação, segundo documentos do Departamento de Defesa publicados recentemente sobre seus casos.

Ali Al Hajj Al Sharqawi e Abd Al Salam Al Hilal foram detidos em 2002 quando as autoridades americanas, em nome de uma "guerra contra o terrorismo", vasculhavam o mundo em busca de membros do Al-Qaeda depois dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Os dois foram levados para Guantánamo em 2004, e os registros posteriores revelaram que autoridades torturaram Sharqawi quando a CIA o interrogou depois de sua detenção no Paquistão.

O Conselho de Revisão Periódica do Pentágono, que avalia regularmente os casos dos detidos em Guantánamo, aprovou por consenso que os dois presos saíssem em liberdade em 8 de junho, porque não são "uma ameaça significativa e contínua para a segurança dos Estados Unidos", segundo documentos do próprio conselho.

Sharqawi (nomeado como Sharqawi Abdu Ali Al Hajj nos registros de Guantánamo), de 47 anos, foi acusado de ser um facilitador de alto nível para o Al-Qaeda, ajudar a mover dinheiro e combatentes por todo o Oriente Médio e recrutar guarda-costas para o fundador da organização, Osama bin Laden.

Mas nunca enfrentou acusações nos tribunais militares estabelecidos para os prisioneiros de Guantánamo.

Em um relatório publicado em 2019, a Physicians for Human Rights disse que Sharqawi possui vários problemas de saúde, alguns agravados após uma greve de fome de várias semanas em 2017.

Al Hilal, de 49 anos e que também nunca foi condenado, foi um funcionário do governo do Iêmen que supostamente facilitou atividades para a rede Al-Qaeda. As autoridades egípcias o prenderam no Cairo em 2002 e depois o entregaram aos americanos.

O Conselho de Revisão Periódica considerou que ambos parecem não ter crenças extremistas, nem planejam voltar a se envolver com grupos como Al-Qaeda.

Dos 40 prisioneiros que restam em Guantánamo, foi comprovado que cerca de 12 têm fortes conexões com o atentado do 11 de setembro ou outros ataques, e estão no sistema de tribunais militares, incluindo Khalid Shaikh Mohammed, conhecido como o arquiteto dos ataques contra as Torres Gêmeas em Nova York.

Onze deles foram autorizados a serem colocados em liberdade e aguardam que o Departamento de Estado organize seu repatriamento.

No caso dos iemenitas, organizar essa viagem é difícil porque o país sofre uma guerra civil e tem uma potente presença de membros do Al-Qaeda. Os outros continuam enfrentando revisões periódicas para sua libertação.

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