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Dojão dos Bombeiros: Dart único usado no incêndio do Joelma é preservado

Divulgação
Imagem: Divulgação
do UOL

Fernando Garcia

Colaboração para o UOL, em Atibaia (SP)

16/06/2021 04h00

Fazia sete anos que o 8º Grupamento de Bombeiros havia sido instalado em Santo André, no ABC, região que concentrava as principais indústrias de São Paulo, incluindo as montadoras de automóveis. A corporação sentia falta de um veículo robusto, confiável e principalmente ágil nos centros urbanos para o acompanhamento nas médias e grandes ocorrências da região do Grande ABC.

Essa necessidade chegava ao fim em 1974, movida por um potente motor V8 de 5.200 cm³ com mais de 200 cv.

A prefeitura de Santo André comprou um Dodge Dart De Luxo Coupé zero-quilômetro do ano e modelo 1974 e repassou o veículo aos bombeiros da cidade. A nova viatura fez sucesso no grupamento não só por ser um representante dos puros esportivos nacionais prestando serviços à sociedade, mas por ser um modelo único e, portanto, raríssimo da Dodge.

Esse Dart foi entregue pela Chrysler à equipe dos bombeiros com o pacote do Charger RT de fábrica que acrescentava volante e bancos individuais esportivos e o melhor, o potente motor V8 318 (318 pol³) de 5,2 litros de 215 cv disponíveis a partir das 4.400 rpm e um torque bruto de 42,9 kgfm a 2.400 rpm.

Aliado ao câmbio manual de quatro marchas, algo que não existia para a linha Dart 1974, o cupê atingia a incrível velocidade máxima de 190 km/h. A aceleração de 0 a 100 km/h era feita em 11 segundos.

Além do desempenho, eram elogiáveis e úteis para o serviço o tanque de combustível de 100 litros, que exigia menos paradas para reabastecimento. Toda essa performance agradava em cheio aos Diretores de Serviço da época, sobretudo numa época em que a gasolina azul ou tipo B (de 82 octanas) não era motivo para preocupações financeiras.

Dodge Dart dos bombeiros - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Além dessa vantagem, outro ponto bastante elogiado à época por eles era o espaçoso porta-malas de 436 litros, onde era possível acomodar sem grandes problemas diversos equipamentos e vestimentas para combater incêndios.

Logo nas primeiras semanas de trabalho, o Dodge Dart Coupé encarou uma de suas missões mais difíceis. Em 1º de fevereiro de 1974, o fogo tomou o edifício Joelma, no centro de São Paulo, e tirou a vida de mais de 180 pessoas. O incêndio exigiu a mobilização de 318 bombeiros, incluindo o de grupamentos de outras cidades, como os homens de Santo André.

O então subcomandante do grupamento, capitão Hamilton da Silva Coelho, e o Comandante Major Celestino Henrique Fernandez estavam lá, assim como o falecido soldado Nestor Ruas de Freitas, o motorista do Dodge Dart.

Esporadicamente o veículo participa de exposições, formatura do corpo de bombeiros e demais eventos. De acordo com o tenente Bentivenha do Corpo de Bombeiros de São Paulo, o cupê hoje se encontra inativo por causa da pandemia da covid-19. Mas isso mudará quando tudo passar e eles voltarem à ativa.

"Este é um procedimento que adotamos aqui quando os veículos ficam muito tempo sem uso e depois que ele é solicitado, montamos o motor, injetados todos os fluidos e colocamos gasolina", explica

O Dodge Dart dos bombeiros do ABC ficou na ativa até 1990 e, hoje, faz parte do Acervo Histórico do Corpo de Bombeiros de São Paulo.

Além dele, também estão presentes outras viaturas usadas pela Corporação desde o início do século XX como um AB Big Job - fabricado nos Estados Unidos em 1954 que pertenceu ao município de São Carlos, AB 117 de 1957 "Borboleta", equipado com motor Detroit de 165 cv, AB63 de 1974 (conhecida como viatura do período "pós Joelma e Andraus"), além das clássicas Magirus-Deutz, de origem alemã.

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