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Biden e Putin medem forças em relação à cibersegurança

16/06/2021 19h56

Genebra, 16 Jun 2021 (AFP) - Em termos de cibersegurança, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deixou claro nesta quarta-feira (16)os limites para seu homólogo russo, Vladimir Putin, a quem entregou uma lista de 16 entidades "intocáveis", e ameaçou a Rússia com represálias se não for atendido.

Após o hackeamento de setores importantes da economia dos Estados Unidos, incluindo na distribuição de combustível, a questão da segurança cibernética marcou o primeiro encontro entre Putin e Biden desde que o democrata chegou à Casa Branca.

Em Genebra, os dois líderes expressaram o desejo de continuar debatendo o assunto. "Concordamos em abrir um diálogo sobre segurança cibernética", anunciou o chefe de Estado russo após três horas e meia de discussões.

"Concordamos em pedir a especialistas de ambos os países que determinem o que é inaceitável para cada um de nós e garantir um acompanhamento" dos ataques vindos da Rússia ou dos Estados Unidos, declarou Biden.

Apesar da vontade de negociar, era hora de uma demonstração de força. Sem concessões.

O presidente dos Estados Unidos deu ao seu homólogo uma lista de 16 "infra-estruturas críticas" que "vão do setor da energia aos sistemas de distribuição de água" e que são, na sua opinião, "intocáveis".

"Expliquei a ele que temos uma capacidade cibernética importante", disse Biden à imprensa. Se a Rússia violar certas "normas fundamentais, responderemos. Ele sabe disso", acrescentou o presidente americano em tom desafiador.

- "Grotesca" -Várias empresas americanas, o grupo informático SolarWinds, a rede Colonial Pipeline ou a gigante global da carne JBS foram recentemente visadas por ataques de "ransomware", um programa que criptografa sistemas de computador e pede um resgate em dinheiro para desbloqueá-los.

A polícia federal americana responsabilizou os hackers baseados na Rússia pelos ataques e Biden disse que usaria seu encontro com Putin para que o líder russo assumisse suas responsabilidades.

Biden perguntou novamente a Putin como se sentiria se hackers atacassem os campos de petróleo russos. "Os países responsáveis devem agir contra os criminosos que lançam ataques de 'ransomware' de dentro de seus territórios", afirmou o presidente americano.

Impávido, o presidente russo, que na segunda-feira chamou de "grotesca" a ideia de que seu país trava uma guerra informática contra os Estados Unidos, mais uma vez devolveu a bola para Biden.

"A maioria dos ataques cibernéticos no mundo vem do espaço americano", garantiu, acusando Washington de não cooperar na batalha contra os hackers.

"Em 2020, recebemos 10 pedidos dos Estados Unidos sobre ciberataques realizados contra infraestruturas americanas, segundo eles, do ciberespaço russo, e dois este ano. Sempre respondemos exaustivamente", se defendeu.

Segundo Putin, a Rússia enviou 45 pedidos semelhantes aos Estados Unidos em 2020 e 35 desde janeiro "sem receber uma única resposta".

- "Veremos" -Em Washington, um alto funcionário admitiu que não solicitou assistência jurídica da Rússia após os ataques ao Colonial Pipeline ou à JBS. "Chegamos a um ponto em que é inútil", declarou John Demers, chefe de Segurança Nacional do Departamento de Justiça.

"Já fizemos esse tipo de pedido no passado, mas na maioria das vezes vimos que os russos resistem aos nossos esforços, especialmente em matéria de extradição", acrescentou.

Moscou protege hackers instalados em seu território em troca de sua ajuda "em áreas de interesse do governo", acusou Demers.

Em sua opinião, o governo russo "não só os tolera, mas também intervém nos esforços das autoridades americanas para combatê-los", inclusive repatriando para a Rússia hackers detidos em outros países.

Resta saber se a cúpula de Genebra mudará a situação. Moscou vai agir? "Veremos", concluiu Biden com cautela.

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