Vacinação com doses anti-Covid diferentes gera debate na Itália
A polêmica teve início na semana passada depois que o Comitê Técnico-Científico (CTS), o Ministério da Saúde e o Comissariado para a Emergência da Covid-19 da Itália realizaram uma coletiva de imprensa para recomendar as doses da Vaxzevria, da Universidade de Oxford e AstraZeneca, somente para pessoas com 60 anos ou mais.
A medida determina que, para quem tem menos de 60, o indicado é que seja aplicado as vacinas de mRNA usadas no país, da Pfizer/BioNTech ou Moderna. Já para aqueles que receberam a primeira dose da AZ, o CTS indica que a segunda dose também seja de imunizantes que usem o RNA mensageiro.
A mudança aconteceu depois que uma mulher de 18 anos morreu de um coágulo sanguíneo na quinta-feira (10) após receber uma dose inicial de AstraZeneca no dia 25 de maio. De acordo com relatos da imprensa italiana, a jovem sofria de trombocitopenia autoimune (o que significa que ela tinha uma contagem de plaquetas baixa no sangue) e estava em terapia hormonal dupla.
Após o caso, foi recomendado que todas as pessoas com menos de 60 anos que receberam uma dose inicial da AstraZeneca tomem uma vacina diferente para sua segunda dose, o que representa "um excesso de cautela", até porque estudos indicam que a relação risco/benefício é positiva e a vacina continua autorizada para toda a população, segundo as autoridades sanitárias.
Hoje (14), a decisão também recebeu o aval da Agência Italiana de Medicamentos (Aifa), porque a mistura dos imunizantes teve um aumento significativo da resposta de anticorpos. A aprovação foi feita "com base em estudos clínicos publicados nas últimas semanas".
Apesar disso, alguns governadores continuam resistentes e não começaram a respeitar a nova regra sobre a chamada vacinação heteróloga - utilização de uma segunda dose com uma vacina anti-Covid diferente da usada na primeira administração - em seus postos de vacinação.
A Lombardia chegou a suspender a campanha de imunização com vacinas diferentes da primeira dose. O governador da Campânia, Vincenzo De Luca, por sua vez, rejeitou a indicação e ainda afirmou que proibirá a imunização com a AstraZeneca.
"A vacinação heteróloga já é usada por países importantes como a Alemanha há várias semanas, mas também em outras áreas do mundo, e os resultados são animadores. Há alguns estudos que atestam que a resposta imunológica é ainda melhor do que que com duas doses da mesma vacina", defendeu o ministro da Saúde da Itália, Roberto Speranza.
Além de Speranza, o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, também reafirmou a necessidade das regiões seguirem as recomendações pois são seguras e foram tomadas por causa da constatação de que somente uma a cada 100 mil pessoas que receberam a Vaxzevria podem desenvolver episódios tromboembólicos.
A nova medida do governo nacional também se justifica porque a Itália tem vacinas suficientes de mRNA, e a União Europeia não renovou a compra das doses da AstraZeneca.
Para a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), todas as quatro vacinas anti-Covid aprovadas na Europa são válidas e não há nenhuma proibição referente ao uso da AstraZeneca pelo órgão regulador europeu.
"Todas as vacinas aprovadas pela EMA, incluindo a da AstraZeneca, mantêm uma relação risco-benefício positiva, especialmente em idosos e vulneráveis, por isso devem continuar a ser usadas", disse à ANSA o coordenador da força-tarefa de vacinas da EMA, Marco Cavaleri.
Segundo ele, para os jovens até agora vacinados com AstraZeneca e aguardando a segunda dose, "até o momento não há evidências que os casos de trombose estão associados à segunda dose". "Nas próximas semanas analisaremos os dados disponíveis e faremos um balanço das evidências. Até à data os dados preliminares são de bom presságio", concluiu. (ANSA)
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