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Um "novo dia" em Israel, com o primeiro governo sem Netanyahu em 12 anos

14/06/2021 08h57

Jerusalém, 14 Jun 2021 (AFP) - Após 12 anos de reinado ininterrupto de Benjamin Netanyahu, Israel iniciou nesta segunda-feira (14) a semana com um novo primeiro-ministro, o ultradireitista Naftali Bennett, à frente de uma coalizão de governo que enfrentará vários desafios.

Com 60 deputados a favor da "coalizão da mudança" e 59 contra (dos 120 na Kneset), o Parlamento israelense virou a página, no domingo, da era Netanyahu, o primeiro-ministro mais longevo da história do país.

Naftali Bennett, de 49 anos, assume o controle de um governo heterodoxo de 26 ministros, que representam um amplo espectro ideológico, da esquerda à direita, passando pelo centro e que também inclui um partido árabe. O único ponto de união era afastar Netanyahu, acusado e julgado por corrupção, do poder.

A coalizão terá que alcançar compromissos sobre várias questões, como a recuperação econômica, a colonização israelense nos Território Palestinos ocupados e o delicado tema da relação entre Estado e religião.

O primeiro desafio acontecerá na terça-feira, com uma manifestação programada pela extrema direita em Jerusalém Oriental, setor palestino ocupado desde 1967 e anexado por Israel.

O movimento islamita Hamas, no poder no território palestino de Gaza, já ameaçou adotar represálias se a passeata se aproximar da Esplanada das Mesquitas. Também afirmou que o novo governo "não muda nada" em suas relações com Israel.

Para a Autoridade Palestina, na Cisjordânia ocupada, a saída de Netanyahu marca "o fim de um dos piores períodos do conflito" israelense-palestino, nas palavras do primeiro-ministro Mohamed Shtayyeh.

- Transferência de poderes -Nesta segunda-feira acontece a transferência oficial de poderes.

Os ministros compareceram à residência do presidente Reuven Rivlin para a tradicional fotografia do novo governo.

Durante a tarde, Netanyahu se reunirá com Bennett, ex-aliados que se tornaram rivais, na sede do primeiro-ministro em Jerusalém.

O acordo determina que Bennett, líder do partido de direita radical Yamina, comandará a frágil coalizão durante dois anos. Depois cederá o cargo ao centrista Yair Lapid.

Nas eleições legislativas de março, o conservador Likud foi o partido mais votado, mas Netanyahu não conseguiu formar o governo.

O líder opositor Yair Lapid alcançou o objetivo ao formar uma coalizão com dois partidos de esquerda, dois de centro, três de direita e, em um fato raro, o partido árabe Raam, de Mansur Abbas.

"Esta manhã marca o alvorecer de um novo dia. É a manhã de um trabalho difícil, às vezes digno do trabalho de Sísifo para reconstruir as ruínas", afirma o analista político Ben Caspit no jornal Maariv.

"O desejo de vários israelenses é viver em paz, sem incitação à violência, sem ódio e, sobretudo, sem as mentiras intermináveis que Netanyahu deixou de herança", completa.

No domingo à noite, milhares de israelenses celebraram a saída de Netanyahu do poder em Jerusalém, diante da Kneset, e na simbólica praça Rabin de Tel Aviv.

- Sem mudança -As reações internacionais foram rápidas.

O primeiro chefe de Estado a falar foi o americano Joe Biden, que felicitou Bennett em um comunicado no qual afirmou ter "pressa para trabalhar" com ele. O governo dos Estados Unidos é um grande aliado de Israel.

Para o Irã, inimigo de Israel, tudo continua igual. "Não acredito que a política do regime de ocupação em Jerusalém mudará com a chegada desta pessoa ou a saída daquela outra", afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Said Khatibzadeh.

Em seu último dia no poder, Netanyahu recordou ao Parlamento as conquistas de sua gestão: a "normalização" das relações com vários países árabes, a inserção internacional da economia israelense e a linha dura com o Irã.

Ao apresentar as grandes diretrizes de seu governo, Bennett afirmou que sua coalizão "não permitirá que o Irã desenvolva armas nucleares".

"Este governo começa seu trabalho com a mais grave das ameaças à segurança", disse a respeito do Irã, antes de garantir que o país "se reserva uma liberdade total de ação" contra o inimigo jurado, que nega buscar desenvolver armamento atômico.

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