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Sindicatos preparam greve de 72 h se privatização da Eletrobras for à pauta do Senado

Paralisação é um protesto contra os planos do governo Jair Bolsonaro de desestatizar a Eletrobras - Pilar Olivares/Reuters
Paralisação é um protesto contra os planos do governo Jair Bolsonaro de desestatizar a Eletrobras Imagem: Pilar Olivares/Reuters

10/06/2021 13h45Atualizada em 10/06/2021 15h08

Sindicatos de trabalhadores da estatal de energia Eletrobras têm preparado a realização de uma greve de 72 horas que poderia ser iniciada caso um projeto do governo para privatização da companhia entre na pauta de votações do Senado.

A paralisação não impactaria a geração de energia no Brasil, que tem visto seu parque de hidrelétricas pressionado por uma crise hídrica, mas poderia eventualmente atrapalhar atividades de manutenção e elevar riscos para o sistema, disse à Reuters um líder sindical.

O movimento visa protestar contra os planos do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de desestatizar a companhia. Uma medida provisória (MP) com a proposta para viabilizar a operação foi aprovada pela Câmara dos Deputados em maio e agora precisa ser deliberada pelos senadores até 22 de junho para não perder a validade.

"Nós já deliberamos em assembleia, em todas as bases, por uma greve de 72 horas... Caso o Congresso, o Senado Federal, coloque em pauta a MP 1031 na próxima semana", afirmou o diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro e Região (Sintergia-RJ), Emanuel Mendes Torres.

Na quarta-feira, o relator da MP sobre a privatização no Senado, Marcos Rogério (DEM-RO), disse que pretende colocar o tema para discussão e possível votação na próxima semana.

Ele disse que pretende submeter seu relatório sobre a medida para votação possivelmente na terça-feira (15), o que tem feito os sindicatos se mobilizarem previamente.

"Se botar [na pauta do Senado] na terça, a gente declara a greve, porque já foi deliberada", disse Torres.

A Eletrobras tem mais de 12 mil empregados, e o sindicalista disse acreditar em forte adesão ao movimento devido à resistência dos funcionários contra a privatização.

Torres disse que a paralisação não vai afetar serviços de geração e transmissão de energia prestados pela estatal, mas não haverá troca de turno das equipes responsáveis por essas atividades durante a greve.

Mas ele disse que o protesto deve tirar da rua equipes de manutenção.

"A princípio, uma greve dessas não afeta o sistema. Mas a gente sabe que, num sistema tão complexo e gigantesco como a Eletrobras... Basicamente, quando você não troca o turno e não deixa o pessoal sair para fazer manutenção, é sempre um risco para o sistema.

Os sindicatos também querem realizar amanhã uma manifestação em frente à sede da estatal, no Rio de Janeiro, aproveitando o aniversário de 59 anos de criação da companhia.

A Eletrobras é responsável por cerca de um terço da capacidade de geração de energia no Brasil e metade das instalações de transmissão.

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