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Chile escolhe representantes para elaborar nova Constituição

16/05/2021 09h36

O domingo (16) foi o último dia de votação no Chile para a escolha dos redatores da nova Constituição do país.  Os 155 representantes eleitos terão a tarefa de mudar o texto herdado da ditadura. Os chilenos esperam promover mais justiça social no país, trinta anos após o fim do regime militar.

No sábado (15), primeiro dia de votação, o comparecimento às urnas foi baixo. Os centros de votação abriram às 8h no horário local. Os mais de 14 milhões de eleitores têm 48 horas para votar em uma eleição considerada, em muitos aspectos, como histórica.

É a primeira vez que uma Convenção Constitucional é eleita segundo o princípio da paridade entre homens e mulheres. Também será a primeira vez que a população indígena poderá se fazer ouvir. Os dez povos indígenas existentes no Chile terão o direito de escolher 17 dos 155 responsáveis ??pela confecção do texto da nova Carta Magna.

Os eleitores devem votar em quatro opções: constituintes, governadores, prefeitos e vereadores. No total, foram inscritos 1.373 candidatos. Essa é a primeira vez que os chilenos poderão eleger diretamente os governadores das regiões.

Herança da ditadura

A atual Constituição chilena data de 1980, quando o general Augusto Pinochet ainda governava o país. A esmagadora maioria dos chilenos julga essa Constituição ilegítima porque foi redigida depois de a democracia ter sido afastada através do golpe militar de setembro de 1973, contra o presidente Salvador Allende.

 Embora Pinochet tenha sido forçado a se aposentar em 1990, sua herança continua em vigor por meio da Constituição, que agora deve ser substituída.

A eleição deste fim de semana só foi possível graças à prolongada mobilização social que abalou toda a sociedade, em outubro de 2019, quando durante vários dias os chilenos saíram às ruas para demonstrar seu esgotamento diante das desigualdades sociais no país. O Chile tem a maior renda per capita da América Latina, e é o terceiro com o maior número de bilionários da região. Mas é também o que apresenta o maior nível de desigualdade social dos países da OCDE.

Os eleitos terão um prazo de nove meses para redigir a nova Constituição. Caso não consigam, terão um prazo excepcional de mais três meses. A Carta Magna que surge a partir deste trabalho será submetida a um referendo, em 2022, com voto obrigatório.

A votação deste fim de semana ocorre em condições difíceis devido à pandemia de Coronavirus que atinge o Chile e também o resto da região. Embora tenha conseguido vacinar mais de 48% de sua população, mais de 1,2 milhão de pessoas foram infectadas e cerca de 30.000 mortes foram registradas ate o momento.

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