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SC: 'Agiu sozinho com pressa', diz delegado sobre autor de ataque em escola

Somente uma criança sobreviveu ao ataque a uma creche de Saudades, em Santa Catarina, no último dia 4 de maio - Jéssica Edel/Colaboração para o UOL
Somente uma criança sobreviveu ao ataque a uma creche de Saudades, em Santa Catarina, no último dia 4 de maio Imagem: Jéssica Edel/Colaboração para o UOL
do UOL

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em Chapecó (SC)

14/05/2021 11h33Atualizada em 14/05/2021 13h47

O autor do ataque à escola Aquarela, em Saudades (SC), agiu sozinho e tinha pressa de cometer o crime. No último dia 4, cinco pessoas foram mortas por ele a facadas — três crianças de menos de dois anos e duas professoras —, e um menino ficou ferido. A investigação que apura o crime foi concluída hoje, e o autor de 18 anos foi indiciado pela Polícia Civil por cinco homicídios qualificados e uma tentativa de homicídio.

"Ele queria matar o máximo possível de pessoas, ele agiu com esse objetivo e ele estava com pressa. Porque ele queria atingir o máximo possível. Os relatos que a gente recebeu é que ele tentava entrar numa sala e não conseguia, e ia correndo para outra porque ele estava com pressa de atingir o objetivo dele", explicou o delegado responsável pelo caso, Jerônimo Marçal, durante coletiva de imprensa na manhã de hoje.

A polícia também disse ter descartado o envolvimento da participação de uma segunda pessoa, que poderia ser mandante do crime ou ter auxiliado o autor a cometer o ataque. O jovem também admitiu aos policiais que agiu sozinho no ataque.

"A gente se aprofundou nessa investigação e não há qualquer indicativo de que alguém tenha o auxiliado, nada nesse sentido. Ele [o autor] agiu sozinho o tempo todo. [Inclusive,] ele confessou o crime."

Ao ser questionado sobre o conteúdo do interrogatório do autor do ataque, o delegado observou que não iria detalhar a fala por conter "informações sensíveis" da investigação e por não querer "dar mídia para esse rapaz".

Ele não merece [mídia]. Basicamente, tentando resumir, ele confessou o crime, ele admitiu que fez todo o planejamento e agiu sozinho"
Jerônimo Marçal, delegado responsável pela investigação

Ainda segundo a polícia, o jovem tinha consciência do que estava fazendo. "Foi um crime premeditado, isso é importante ficar destacado. E ele tem sim que ser responsabilizado pelos crimes graves, cruéis que ele cometeu no dia 04", pontou o Marçal.

O jovem, segundo o delegado, afirmou que estava arrependido do crime, o que é posto em dúvidas pela polícia. "Ele falou que estava arrependido, mas eu não conseguia definir se era um arrependimento genuíno ou não. Ou se era um arrependimento porque assim, 'agora eu sei que vou ser responsabilizado pelo que fiz'.", explica.

Na coletiva, o delegado explicou que as duas facas - uma delas não foi usada no crime - foram adquiridas pela internet por cerca de R$ 400. E chegaram a Saudades cinco dias antes do ataque. Os pais do jovem sabiam da aquisição, mas "não entendeu o motivo das armas", explicou Marçal.

Relembre o caso

O ataque a escola Aquarela aconteceu em 4 de maio, quando um jovem de 18 anos invadiu o local e esfaqueou seis pessoas - duas professoras e quatro crianças de menos de dois anos. Apenas um menino de 1 ano e oito meses sobreviveu. A tragédia não foi maior porque as professoras perceberam o atentado e trancaram as outras salas que tinham aulas no momento.

Vizinhos da escola ajudaram a socorrer as crianças. A agente educativa Aline Biazebetti, 27, ouviu "gritos de socorro" e, no impulso, levou uma das crianças até o hospital. Mal ela sabia que estava carregando o único sobrevivente do ataque.

O pai de uma das crianças contou que, ao saber do ataque, foi às pressas para a escola e não encontrou a filha. Após vasculhar o local, reconheceu a filha pelos cabelos. "Eu vi o cabelinho dela e duas xuxinhas que foram feitas de manhã no cabelo dela, caiu meu mundo", conta Evandro, 35 anos.

Para a polícia, o crime foi premeditado. O autor do ataque teria analisado a instituição de ensino e inclusive teria rondado o local um dia antes. A escola teria sido escolhida por ele devido às "vulnerabilidades" identificadas por ele, segundo o delegado Jerônimo Marçal.

Pelo menos três alunos que estudavam na sala alvo do ataque conseguiram escapar pois não foram à aula - entre eles estão os gêmeos Miguel Antonio e Maria Helena, de 1 ano e seis meses, que chegaram a ser levados até a porta da sala de aula. Porém, os pais decidiram levá-los de volta para não acordar os outros alunos — os gêmeos foram fazer exames de rotina e chegaram atrasados.

Velório de vítimas de ataque a escola reúne cerca de 1,5 mil pessoas em SC

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no primeiro parágrafo desta matéria, as três crianças mortas no ataque tinham menos de dois anos, e não menos de um ano. A informação já foi corrigida.

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