Israel ataca Gaza à medida que conflito aumenta, operação terrestre é interrompida
Jerusalém, 14 Mai 2021 (AFP) - Israel continuou atacando a Faixa de Gaza nesta sexta-feira (quarta-feira 13 no Brasil) com artilharia e bombardeios aéreos em resposta a novos lançamentos de foguetes disparados do enclave controlado pelo Hamas, mas interrompeu uma ofensiva terrestre neste conflito que já deixa mais de 100 mortos, a maioria palestinos.
"A aviação israelense e as tropas terrestres estão atualmente realizando um ataque na Faixa de Gaza", declarou o exército em uma curta mensagem, mas logo depois esclareceu que seus soldados não haviam entrado no enclave palestino, atribuindo a informação anterior a um "problema de comunicação".
O exército posicionou nesta quinta-feira tanques e outros veículos blindados ao longo da barreira que separa Israel do enclave palestino, de onde o exército israelense se retirou unilateralmente em 2015.
A última grande operação militar israelense neste território palestino de dois milhões de habitantes data de 2014. O conflito entre Israel e o Hamas, seu inimigo jurado, durou 50 dias e deixou pelo menos 2.251 mortos no lado palestino, principalmente civis, e 74 do lado israelense, praticamente todos soldados.
Antes do anúncio israelense, o braço armado do Hamas advertiu que "qualquer incursão terrestre em qualquer área da Faixa de Gaza será a ocasião para aumentar o número de mortos e prisioneiros nas fileiras do inimigo".
O Ministério da Defesa israelense deu luz verde ao exército para mobilizar milhares de reservistas, se necessário.
Paralelamente à operação terrestre, a Força Aérea continuou a bombardear alvos do Hamas na Faixa de Gaza, o que fez com que centenas de pessoas abandonassem suas casas para se proteger das bombas, segundo testemunhas e jornalistas da AFP no local.
O Hamas, que ainda disparava foguetes contra Israel na madrugada desta sexta-feira, também tentou enviar drones com cargas explosivas, segundo o exército.
Desde segunda-feira, quando este novo ciclo de violência começou, 103 palestinos, incluindo 27 crianças, morreram na Faixa de Gaza e 580 ficaram feridos, de acordo com um último balanço do Ministério da Saúde.
Em Israel, sete pessoas morreram, incluindo um menino de seis anos e um soldado.
- Voos desviados -Da mesma forma, três foguetes foram disparados contra Israel do Líbano, mas os projéteis caíram no Mediterrâneo, de acordo com o exército. De acordo com uma fonte militar libanesa, os projéteis vieram de um setor próximo a um campo de refugiados palestinos.
O novo conflito estourou depois que uma barragem de foguetes foi disparada contra Israel em "solidariedade" aos mais de 700 palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental, um setor palestino ocupado por Israel desde 1967.
Os tumultos na esplanada, terceiro lugar sagrado do Islã, foram o culminar de fortes tensões e confrontos em Jerusalém Oriental, principalmente devido à ameaça de expulsão de famílias palestinas em favor de colonos judeus em um bairro da Cidade Santa.
"Vai levar tempo, mas vamos restaurar a calma em Israel", declarou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, nesta quinta-feira, ao visitar uma bateria do escudo antimísseis "Domo de Ferro".
De acordo com o exército, cerca de 90% dos 1.750 foguetes lançados da Faixa de Gaza desde segunda-feira foram interceptados pelo escudo.
Por sua vez, o Hamas, que instou as companhias aéreas a suspender seus voos para Israel, anunciou que lançou um foguete na direção do segundo aeroporto de Israel, no sul, para o qual, segundo as autoridades israelenses, todos os voos para Tel Aviv haviam sido desviados.
Várias companhias aéreas suspenderam os voos para o Aeroporto Internacional Ben Gurion de Tel Aviv.
As autoridades norte-americanas pediram a seus cidadãos que evitassem viajar a Israel por causa da violência.
- Reunião da ONU -Somando-se ao conflito com o Hamas está a escalada entre árabes e judeus em várias cidades mistas de Israel, um nível de violência não visto há décadas, de acordo com a polícia israelense.
Cerca de 1.000 membros da polícia de fronteira foram convocados para reforçar as cidades, palco de distúrbios intercomunitários desde terça-feira. Mais de 400 pessoas, judeus e árabes, foram presas nos últimos três dias.
Na noite desta quinta-feira, um homem abriu fogo com uma arma semiautomática contra um grupo de judeus, ferindo uma pessoa em Lod, perto de Tel Aviv, segundo uma testemunha e a polícia.
Grupos israelenses de extrema direita entraram em confronto em cidades com forças de segurança israelenses e árabes, descendentes de palestinos que permaneceram em suas terras após a criação de Israel em 1948.
Dada a intensificação do conflito apesar dos apelos internacionais a favor da desaceleração, o Conselho de Segurança da ONU planeja realizar uma reunião pública virtual no domingo, após os Estados Unidos se oporem a realizar o encontro com urgência nesta sexta-feira, segundo fontes diplomáticas.
bur-gl/cgo/ybl/am
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