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Operação no Jacarezinho teve 13 mortes em apenas duas ações da polícia

Jacarezinho: MP acompanhará inquéritos após delegado negar "execuções" - OAB
Jacarezinho: MP acompanhará inquéritos após delegado negar 'execuções' Imagem: OAB
do UOL

Herculano Barreto Filho

Do UOL, no Rio

12/05/2021 12h22

A operação policial na favela do Jacarezinho, na zona norte do Rio, teve 13 mortes em apenas duas ocorrências. A ação mais letal da história do estado, que ocorreu na última quinta-feira (6), deixou ao menos 28 óbitos.

Levantamento feito pelo UOL com base nos 12 boletins de ocorrência registrados por policiais na Delegacia de Homicídios da Capital mostra que quase a metade dos óbitos ocorreram em apenas duas ações. Todas elas foram registradas como mortes por intervenção de agente do estado —isto é, na versão dos policiais envolvidos na ação, as pessoas foram mortas por entrar em confronto com os agentes. Moradores denunciaram contudo mortes arbitrárias por policiais.

Uma das ocorrências se deu, segundo a polícia, logo após a morte do agente André Leonardo Mello Frias, atingido por um tiro na cabeça durante confronto no começo da operação policial.

Por volta das 6h, uma ação na rua Areal com a presença de oito agentes da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) da Polícia Civil deixou sete mortos, segundo boletim de ocorrência.

A ação —a única que não detalha dinâmica da troca de tiros— apenas justifica a presença dos homens da unidade, apontada como a tropa de elite da Polícia Civil.

"Foi informado à equipe que o objetivo da operação policial seria apreender armas de fogo, drogas ilícitas e capturar lideranças do tráfico de drogas, que estavam escondidas na favela do Jacarezinho (...). O objetivo da Core seria o de dar proteção às equipes das delegacias especializadas e distritais, para que as ordens judiciais fossem efetivadas", diz a ocorrência.

Não consta no registro qualquer tipo de informação sobre preservação da cena do crime ou se os corpos foram retirados do local.

Outra ação, ocorrida por volta das 10h na travessa Santa Laura com a presença de três agentes da Core, deixou seis mortos.

A ocorrência indica que o local poderia ser um ponto de venda do tráfico, já que houve apreensão de drogas armazenadas para a venda —quase 500 papelotes com erva seca, 230 com pó semelhante a cocaína, cem com comprimidos e outros 60 com loló.

Os agentes, que também registraram a apreensão de quatro fuzis, seis pistolas e uma granada no local, informaram a presença de "homens fortemente armados". De acordo com a ocorrência, os suspeitos chegaram a ser socorridos, tendo sido encaminhados aos hospitais Evandro Freire e Souza Aguiar.

MP vai fiscalizar investigações

O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) vai fiscalizar de perto os inquéritos da DH (Delegacia de Homicídios) da Capital para apurar as 27 mortes atribuídas a policiais civis durante a operação.

A decisão ocorre após o delegado responsável pelo comando do DGHPP (Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa) dizer que não houve nenhuma "execução" por parte dos policiais. A declaração foi dada em entrevista coletiva após a operação antes mesmo de qualquer investigação.

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