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Fernández insiste em liberar patentes para vacinas contra a Covid-19

08/05/2021 04h32

Buenos Aires, 7 mai (EFE).- O presidente da Argentina, Alberto Fernández, insistiu nesta sexta-feira que as vacinas contra a Covid-19 devem ser consideradas um "bem global" e destacou a decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de apoiar uma eventual suspensão de patentes.

Ao participar de um evento por videoconferência, Fernández observou que "a vacina parece agora ter entrado em outros cenários quando o presidente dos Estados Unidos pediu que as licenças cessassem e que a vacina se tornasse um bem global".

Recordou que ele próprio já havia levantado esta questão em duas reuniões do G20, onde, como destacou, só contou com o apoio dos presidentes da França, Emmanuel Macron, e do México, Andrés Manuel López Obrador.

Ele argumentou que "sozinho" também levantou nas reuniões do G20 que em tempos de pandemia era "inadmissível pensar em bloqueios que impeçam as vacinas de chegarem aos povos que, por razões políticas, foram bloqueadas pelas grandes potências".

"Fiz isso com a convicção de ter um critério humanitário diante da pandemia e, com a mesma convicção, continuo a propor que a vacina é um bem global e que os avanços científicos e tecnológicos devem ser socializados para que quem possa produzir as vacinas podem produzi-las porque há uma humanidade que precisa delas, principalmente os setores mais empobrecidos do mundo", afirmou.

Segundo Fernández, com as declarações de Biden, "abriu, para surpresa de muitos, uma forma diferente de ver o acesso à vacina do que aquela que vinha sendo administrada".

"Alguém poderoso afirmou que a vacina não pode ser um negócio, mas deve ser um bem global, a mesma coisa que já mencionei muitas vezes e a mesma coisa que o querido papa Francisco disse", afirmou Fernández.

Na última quarta-feira, Biden apoiou uma proposta feita por vários países perante a Organização Mundial do Comércio para suspender a propriedade intelectual das vacinas contra a Covid-19.

Sua posição foi recebida com duras críticas da indústria farmacêutica e quedas na bolsa de algumas empresas do setor.

Fernández lamentou que as vacinas ainda estejam concentradas "em poucos países" e disse que nações como a Argentina, que não fazem parte "daquelas dez que respondem por 90% das vacinas", devem fazer um "esforço enorme" para obter as vacinas.

No evento, Fernández anunciou que amanhã sairá um voo com destino a Moscou para trazer um novo lote da vacina russa Sputnik V e que "nos próximos dias" um carregamento de vacinas também chegará pelo mecanismo Covax.

Por outro lado, o presidente argentino disse estar trabalhando nos pormenores de um projeto de lei que enviará ao Parlamento, com maioria do governo, para que, com base em critérios científicos, o Executivo e os governos provinciais tenham competência para adotar restrições no contexto da situação de pandemia.

Fernández já havia anunciado na semana passada que desenvolveria este projeto, após uma disputa com o governo da capital, que entrou na Justiça contra a decisão do presidente argentino de suspender as aulas presenciais em Buenos Aires.

Nesta semana, em polêmica decisão, a Suprema Corte decidiu a favor do governo da capital.

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