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Data Favela: almoço do Dia das Mães vira fome em 95% dos lares em favelas

Fome no Brasil - BirgitKorber/Getty Images/iStockphoto
Fome no Brasil Imagem: BirgitKorber/Getty Images/iStockphoto
do UOL

Colaboração para o UOL

07/05/2021 19h08Atualizada em 07/05/2021 19h59

O almoço com a mãe no segundo domingo de maio, dia dedicado a elas, será muito menos feliz em 2021, especialmente para mulheres que vivem em áreas de favelas. Se considerando a população brasileira como um todo, a realidade da pandemia já trouxe algum nível de insegurança alimentar ou fome propriamente dita a 125 milhões de brasileiros (60% da população), a situação é muito mais dramática quando observamos de perto as famílias que já eram pobres antes da chegada do vírus, como aponta uma pesquisa conduzida pelo Grupo de Pesquisa Alimento para Justiça.

Dados levantados pelo Data Favela, em parceria com o Instituto Locomotiva e a Central Única de Favelas (Cufa), mostram um dia das mães sem motivos para comemorar e marcado pela fome. A pesquisa que ouviu 1.871 mães moradoras de 351 favelas de todo o Brasil 1º e 4 de maio aponta que 95% das mães de favelas terão dificuldade para fazer o almoço de comemoração. A margem de erro é de 2,3 pontos percentuais.

De acordo com Preto Zezé, presidente nacional da Cufa, a situação nas favelas está mais desafiadora do que nunca. "Como chefes de família, essas mães sempre lidaram com adversidades e falta de oportunidades, mas a chegada da pandemia e o fim do auxílio emergencial levaram os problemas a uma proporção jamais vista", disse ele.

Além da quantidade, a qualidade da alimentação também é um fator crucial num momento no qual a preocupação com a saúde é maior do que nunca. Mas no momento em que todos mais precisamos estar bem nutridos e saudáveis para resistir ao Coronavírus caso sejamos infectados, houve uma diminuição de até 85% na ingestão de alimentos saudáveis pelos brasileiros.

A pesquisa reflete bem essa realidade: 72% dessas mulheres são, hoje, as responsáveis pela maior parte da renda familiar. E não para por aí. A redução da renda familiar causada pela pandemia é motivo de aflição para muitas dessas mães. Cerca de 84% delas dizem que, hoje, o dinheiro que têm para manter a família foi reduzido pela pandemia e 90% se sentem "muito preocupadas" com essa situação.

A impossibilidade de continuar trabalhando, junto à falta de assistência financeira por parte do governo, são atualmente a receita do caos nessas famílias. O mesmo estudo mostra que 8 em cada 10 mães que vivem em favelas pediram o auxílio, mas cerca de 30% delas tiveram o pagamento negado, tornando a situação ainda mais difícil.

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