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Tensão cresce em Jerusalém por possível expulsão de palestinos

06/05/2021 17h43

Jerusalém, 6 Mai 2021 (AFP) - A Suprema Corte de Israel marcou para segunda-feira uma nova audiência no caso de famílias palestinas ameaçadas de despejo em benefício de colonos israelenses em Jerusalém Oriental, onde ocorreram novos confrontos nesta quinta-feira(6).

À noite, o deputado israelense de extrema direita Itamar Ben Gvir foi ao bairro de Sheikh Jarrah, próximo à Cidade Velha e fonte de tensão, para apoiar a família de um colono, repetindo em hebraico: "Esta casa é nossa".

Palestinos lançaram projéteis na tenda montada por colonos na porta de uma casa e trocaram insultos com o deputado.

A polícia indicou que deteve sete pessoas e considerou que a situação estava "sob controle".

"Esta terra é palestina ... e nós, os habitantes do bairro, não podemos aceitar que essa terra seja deles", disse Nabeel al Kurd, 77, membro de uma das famílias afetadas.

No dia anterior, 22 palestinos ficaram feridos em confrontos com agentes israelenses, de acordo com os serviços de socorro palestinos.

A polícia relatou que 11 manifestantes foram presos "por violar a ordem pública e agredir policiais".

O cerne da disputa é a propriedade do terreno onde foram construídas várias casas nas quais vivem quatro famílias palestinas.

O tribunal distrital de Jerusalém decidiu no início deste ano em favor das famílias judias que reivindicam o direito a essas terras em Jerusalém Oriental, um setor palestino ocupado e anexado por Israel.

Segundo a lei israelense, se os judeus puderem provar que sua família vivia em Jerusalém Oriental antes da guerra de 1948, que estourou após a criação de Israel, eles podem pedir que seus "direitos de propriedade" sejam restaurados a eles.

Uma lei equivalente não existe para os palestinos que perderam suas propriedades durante a guerra.

A decisão do tribunal provocou a ira dos palestinos. Os protestos muitas vezes terminam em confrontos com as forças da ordem. No domingo, a Suprema Corte pediu às famílias palestinas e colonos para chegarem a um acordo até quinta-feira.

Na ausência de acordo, o tribunal superior deve agora decidir se as famílias palestinas podem apelar da decisão. Uma audiência deve ser realizada na segunda-feira, informou.

Os habitantes palestinos indicaram que rejeitaram um acordo baseado no reconhecimento dos direitos de propriedade dos colonos israelenses, em troca de considerar como "inquilino protegido" um membro de cada família palestina.

Segundo essa proposta, com a morte do "inquilino protegido", a casa iria para a associação de colonos "Nahalat Shimon" e as famílias seriam despejadas, explicou Sami Irshid, um dos advogados palestinos da AFP.

Yehonatan Yosef, membro da "Nahalat Shimon", acusou as famílias palestinas de rejeitar "qualquer acordo". "É problema deles", acrescentou.

- Chamados internacionais -Os colonos afirmam que uma pequena comunidade judaica vivia em Sheikh Jarrah antes da guerra de 1948, após a qual o setor oriental de Jerusalém Oriental ficou sob controle da Jordânia até sua ocupação por Israel em 1967.

A Jordânia enviou documentos à Autoridade Palestina em abril indicando que "construiu" essas casas e as alugou para famílias palestinas.

Segundo Amã, esses contratos, certificados pela agência da ONU para refugiados palestinos, apoiariam as reivindicações das famílias.

Segundo os palestinos, este caso faz parte de uma campanha que visa expulsá-los de Jerusalém Oriental, onde hoje vivem mais de 210.000 colonos israelenses e mais de 300.000 palestinos.

A lei internacional torna ilegais os assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental.

Israel proclamou toda Jerusalém como sua capital "eterna e indivisível", enquanto os palestinos esperam fazer do setor oriental a capital de seu futuro estado.

França, Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha apelaram a Israel nesta quinta-feira para "pôr fim à sua política de extensão das colônias (...) nos territórios palestinianos ocupados".

O enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, também pediu a Israel que acabe com os despejos em Jerusalém Oriental, chamando a situação de "muito preocupante".

O caso de Sheikh Jarrah pode de fato alimentar tensões. O chefe da ala militar do movimento islâmico palestino Hamas, Mohamed Deif, advertiu que "o inimigo pagará um alto preço" se a "agressão" não parar.

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