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Reino Unido tem "superquinta" eleitoral com muito em jogo

06/05/2021 07h06

Londres, 6 Mai 2021 (AFP) - Os britânicos comparecem às urnas nesta quinta-feira (6) para eleições complexas, as primeiras depois do Brexit e do início da pandemia, consideradas um teste para a unidade do país caso os independentistas escoceses consigam consolidar seu poder regional.

Em um dia chamado de "superquinta" pela grande quantidade de eleições acumuladas, em sua maioria adiadas do ano passado devido ao coronavírus, os locais de votação abriram as portas às 7h00 (3h00 de Brasília) e só devem fechar às 22h00 (17h00 de Brasília). Mas os resultados serão divulgados apenas na sexta-feira ou no fim de semana.

Quase 48 milhões de eleitores devem escolher 5.000 vereadores de 143 assembleias regionais na Inglaterra, o prefeito de Londres e os Parlamentos regionais de Gales e da Escócia.

Nesta última, região de 5,4 milhões de habitantes, os independentistas do Partido Nacionalista Escocês (SNP) da primeira-ministra Nicola Sturgeon, que governa em minoria, esperam obter um forte apoio para estimular sua reivindicação de um segundo referendo de autodeterminação.

No primeiro, em 2014, os eleitores votaram (55%) pela permanência no Reino Unido. Na época, o principal argumento contra a separação foi que a medida deixaria a Escócia fora da União Europeia (UE), mas dois anos depois o referendo sobre o Brexit virou a mesa e os escoceses acabaram fora do bloco, assim como o resto do país, apesar de terem rejeitado a iniciativa por 62%.

Sturgeon argumenta que o Brexit mudou a situação e, aproveitando a popularidade conquistada com sua boa gestão da pandemia - que contrasta com as políticas erráticas do primeiro-ministro britânico Boris Johnson -, espera reforçar sua posição para pressionar Londres.

- Testes para a esquerda e a direita -Caso os independentistas conquistem um grande apoio, a pressão vai aumentar para Johnson, um ferrenho opositor de outra consulta na Escócia.

"Vamos esperar e ver o que acontece realmente, mas acredito que muitas pessoas na Escócia e em todo o Reino Unido sentem que este não é o momento, quando estamos saindo juntos de uma pandemia, de ter um segundo referendo irresponsável e insensato", disse o primeiro-ministro na quarta-feira.

As eleições locais também serão um teste para Johnson e seu Partido Conservador, após a entrada efetiva em vigor do Brexit, com a saída do país do mercado único europeu e da união alfandegária em 1º de janeiro.

A promessa de concretizar o Brexit, que sua antecessora Theresa May não conseguiu cumprir, foi o que impulsionou a grande vitória eleitoral de Johnson em dezembro de 2019, quando arrebatou do Partido Trabalhista boa parte dos redutos operários no norte da Inglaterra, vítimas da desindustrialização.

Ele prometeu acabar com a grande desigualdade que distancia cada vez mais a rica Londres do restante do país, mas a pandemia prejudicou seus planos e ele foi obrigado a destinar bilhões de libras para mitigar seus efeitos, sem conseguir investir em escolas, infraestruturas e comunicação.

Também é um teste para o líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, cujo partido enfrenta as urnas pela primeira vez desde que ele assumiu o comando da formação em abril de 2020, após a derrota histórica derrota de seu antecessor Jeremy Corbyn em 2019.

"Lutamos por cada voto", declarou Starmer, que prometeu recuperar a esquerda britânica, apesar das dificuldades. "Independente do resultado, assumirei a responsabilidade", disse.

Os trabalhistas parecem ter garantida a vitória na multiétnica e supercosmopolita Londres, onde Sadiq Khan, de origem paquistanesa, primeiro prefeito muçulmano de uma capital ocidental, deve superar o rival conservador, o britânico de origem jamaicana Shaun Bailey.

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